O Rio continua lindo. Mas não me refiro à natureza, Pão de Açúcar, praias e esse tipo de topografismos. Me refiro às pessoas.
Enquanto em São Paulo existe uma falsa cultura, uma falsa idéia de “ser” ou pretender ser algo brasileiro que ainda não existe, ou seja, vestir um uniforme bem passado num nordestino que não sabe conjugar um verbo e que abaixa a cabeça de vergonha quando vem te servir a bandeja, e que dirige um táxi mas não conhece nenhum caminho, no Rio as pessoas são os reais brasileiros. Autênticos, desbocados, opinativos, alegres dentro dessa catástrofe mas conscientes dela. Enquanto em São Paulo se vota em Maluf, no Rio se vota em Gabeira.
E qualquer motorista de táxi aqui tem cultura. Não falo de ópera nem de Goethe, mas falo do streetwise, da política internacional. Tem parentes espalhados pelo mundo, ouvem notícias internacionais e desconfiam de tudo. Talvez resida aí o instrumento mais importante de suas personalidades: não acreditam no que lêem ou no que ouvem da mídia. Acreditam no que vêem, no que o dia a dia lhes conta e o que os passageiros - internacionais, nacionais e celebridades - lhes sussuram nos ouvidos. E não ficam quietos.
Aqui os técnicos dos teatros falam. E alto. E nos bares e restaurantes, os garçons nao têm medo dos clients. Ao contrário: o Rio tem muito mais a ver com as metropolis/cosmopolis do que esta que se gaba de ser a Chicago “turd" world (turd quer dizer cocô).
Não adianta revestir os prédios de vidro fumê e rearranjar os bairros com nome de Berrini e alargar as avenidas e inventar services: no máximo vai ter a cara de Seoul, Coréia do Sul, a cidade mais deprimente que conheço.
Já o Rio é o Copacana Palace, o táxi amarelo, a Praça 15, a Cinelândia, a Baixada Fluminense e o senhor digno, negro que mora em Irajá e tem uma cultura invejável. Pode te dar uma aula de brasileirismo de fazer chorar. Pode falar das origens da cidade com a mesma propriedade como fala dos êrros cometidos por Bush ao invadir o Iraque.
Esse mesmo Bush, que ao olhar de sua janela do Hilton de São Paulo deve ter pensado: What the hell am I doing in Seoul?
Gerald Thomas, no site Direto da Redação.
13.3.07
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Quem dera o Rio fosse essa cidade maravilhosa toda...
Eu concordo que temos que tentar enxergar "o lado bom da coisa", mas não sejamos hipócritas! Não dá para simplesmente fechar os olhos e não ver que a realidade é turistas agredidos, mulheres violentadas, inocentes baleados... bala perdida, vidas perdidas...
Até quando?
What the hell is happening to Brazil?
qta diferença do Rio e São Paulo não?
o Rio q costuma mascarar a violência urbana com suas belezas naturais e seu carnaval...
Psiuuuuu! Eu sou carioca da gema, e infelizmente eu tenho visto que o que ele disse é verdade e meia. Em parte, o carioca é realmente mas solto, expontâneo, mas por trás disso existe muita hipocrisia, firula e interesses outros, sem querer generalizar. A cidade do Rio esta jogada as traças tanto pelos governos como por parte da população. A falta de educação, o desrespeito, a falta de cidadania tem sido uma tônica no geral. Com depauperização da cidade desde que deixou de ser capital ela vem caindo em decadência cada vez mais, e por isso, dificuldades que a cidade tem passado, o carioca não é mais o mesmo, apesar de ter pontos de resistências... Penso que o humor e a amistosidade esta arrefecendo, há muita desconfiaça e animosidade dos próprios cariocas nos cariocas (principalmente nos políticos), penso que a cada ano piora o quadro político do estado, esta coisa de dizer que carioca é altamente politizado é balela, pois não vejo reflexo nisto nas esferas das camaras na maioria dos parlamentares. Quanto aos que vem de fora e os pobres nascido (principalmente negros) aqui, a coisa tá acirrada e preconceituosa... O que existe é muita falsidade nas relações e até preconceito em outros... a cidade está partida. Há muita despolitização por parte da população, e por isso, muitos políticos espertalhões aproveitam para desviar os assuntos principais, e assim, a população realmente enfrentar e reivindicar os verdadeiras soluções para os problemas que a cidade e o estado merecem. percebe-se que nós mesmos estamos deixando arrefecer esta situação e urge tentar reverter o quadro através da pressão da população.
Por isso é que o Gerald mudou de profissão, hein?
Deve estar tentando um lugar ao sol no Rio. Tomara que não seja mais uma cruz na areia de Copacabana.
E se o Rio é tudo isso, quem sabe, publicando essa pérola da novela dos ditadores, que fazem da divisão do país uma forma de governo, ele seja aceito lá.
Essa rivalidade num país continente perpetua a pobreza de espírito e idéias.
...cuspindo no prato que comeu!
Será que o Rio aplaudirá as torturas das produções do diretor? Que era ou é, cultuado em São Paulo, pelo nicho dos pseudo-intelectuais.
Gerald ou Geraldo, faz favor recrie-se, ou continue ininteligível como suas peças.
Postar um comentário