Riobaldo, em Grande Sertão: Veredas, já explicava: "O diabo vige dentro do homem, os crespos do homem". No maior país católico do mundo, há uma certeza compartilhada pelas diversas vertentes do cristianismo: o Diabo está entre nós.
"A senhora está com medo?", sorri, piedoso, um obreiro da matriz da Igreja Universal do Reino de Deus, na Rua 24 de Maio, quando perguntado se o Demônio ainda iria se manifestar novamente naquele culto, que transcorria há quase duas horas. Era o dia da Sessão Espiritual do Descarrego (sempre às terças-feiras), quando a presença de endemoninhados é massiva - concorre em quantidade apenas com as sextas-feiras, na Corrente da Libertação. Num mesmo culto, sobre o palco de um templo lotado, quase 20 mulheres e homens possessos se debatiam e gruniam. O pastor conversava com cada demônio, perguntando seus motivos e intenções naquele corpo.
Jefferson Cardoso Maia, 23, "autônomo", chegou com dores de cabeça e nas costas, problemas em casa - na semana anterior, um amigo próximo tinha sido assassinado com cinco tiros no rosto. Logo na oração inicial, começou a sentir tonturas, aceleramento no coração. Ele era um dos que, com voz gutural, gritava e se esperneava, sob as palavras de ordem do pastor e dos fiéis na platéia. No momento das manifestações, ninguém pisca; de pé, todos assistem solenemente. Na ora da expulsão coletiva propriamente dita, há um verdadeiro embate corporal entre obreiros e endemoninhados, que bolam sobre o palco ao som dos teclados e do coro musical. Leia mais
fonte: O Povo Online
colaboração: Rodney Eloy
27.3.07
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