"Hoje te canto e depois no pó que hei de ser
Te cantarei de novo. E tantas vidas terei
Quantas me darás para o meu outra vez amanhecer
Tentando te buscar. Porque vives em mim, Sem Nome,
Sutilíssimo amado, relincho do infinito, e vivo
Porque sei de ti a tua fome, tua noite de ferrugem
Teu pasto que é o meu verso orvalhado de tintas
E de um verde negro teu casco e os areais
Onde me pisas fundo. Hoje te canto
E depois emudeço se te alcanço. E juntos
Vamos tingir o espaço. De luzes. De sangue.
De escarlate."
Hilda Hilst, escritora
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3 comentários:
Que lindo... Visceral, romântico, terno... Que lindo... Obrigada, Pavarini.
HOMEM,
Teu corpo é uma poesia,
Não preciso dizer mais nada.
Ele me cai em versos,
Em rimas,
Em estrofes ritmadas,
Cada gesto poetando,
Cada olhar, sorriso,
Tudo encantando e seduzindo,
Dando ao desejo a justa parte.
Homem,
Teu corpo é arte.
(1992)
Quase não digo
que eu caí
de amor por ti,
ilustre desconhecido.
Tenho sonhado acordada,
trago comigo teu cheiro,
que não tem cheiro de nada,
e teu sangue no meu sangue,
e eu faminta, errante e louca.
Ter-te seria perigo,
medo das noites,
e dos desertos por onde vamos,
e do sol, e da lua,
não sei quem és.
Tu, que desde sempre povoas meus olhos de estrelas,
e de culpa por não mais reconhecer meu antigo afeto.
Surges e te vais,
e no amanhecer
não conto teus dias,
descubro-te, sempre,
ardente em mim,
lobo faminto, boca e olhos,
estranho absinto teu nome,
impronunciável,
como se sagrado ou profano fosse.
Pensar em ti,
belo de beleza incomum,
é o céu,
e os rios,
e o amanhecer,
e o mar violento,
tempestades,
coisa indecifrável,
transe incompreensível,
música sublime,
ternura sem fim,
sopro de vida.
E o universo em nós,
e o impossível.
(20/06/2007)
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