8.6.07

Parada dura

Impresso em 40 mil exemplares, um panfleto produzido para ser distribuído na Parada do Orgulho GLBT de São Paulo orienta os participantes sobre o uso de cocaína.

"Para cheirar, prefira um canudo individual a notas de dinheiro", diz o material, que também traz dicas sobre outras drogas: "Faça uma piteira de papel se for rolar um baseado"; "Compartilhe a droga, nunca o material a ser usado".

A cartilha estampa o selo colorido do governo federal, aquele do slogan "Brasil - Um País de Todos". O Ministério da Saúde confirma que os dados utilizados no texto são coerentes com a sua política de redução de danos.

Também estão impressos na cartilha logotipos dos programas contra DST/Aids do governo estadual e da Prefeitura de São Paulo, do Ministério do Turismo e da Embratur. Entretanto, segundo as respectivas assessorias de imprensa, os órgãos não tiveram participação na elaboração do material.

O panfleto - que, dobrado em quatro partes, forma uma cartilha de oito páginas - começou a ser distribuído durante a Feira Cultural GLBT (sigla para Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros), no vale do Anhangabaú (região central), principal evento paralelo à parada. A distribuição continuará no domingo, quando a parada deverá reunir 3 milhões de pessoas, segundo estimativa dos organizadores.

Regina Fachini, vice-presidente da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, diz que o objetivo do texto é "alertar para o risco de contaminação durante o uso de drogas, de acordo com dicas do Ministério da Saúde". "É a idéia de redução de danos para afastar riscos de doenças transmissíveis, como a Aids", diz Fachini.

O material elaborado pela organização da Parada Gay é criticado pelo delegado Wuppslander Ferreira Neto, do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), que diz que investigará o evento para checar se existe facilitação ou omissão ao tráfico de drogas.

"O lançamento de um panfleto assim mostra que a parada reconhece que lá vai se usar cocaína e maconha", diz o delegado. "Esse panfleto é uma aberração. É um incentivo ao uso de drogas e ao tráfico, que são crimes. A preocupação em alertar para cuidados de higiene não pode ser maior que a preocupação sobre o uso de drogas."

Médicos infectologistas ouvidos pela Folha divergem sobre a política de "redução de danos". "Particularmente, sou radicalmente contra o uso de droga em si. Não trabalho com hipóteses de redução de danos", diz David Uip.

"O ideal é não usar droga nenhuma, mas a divulgação dos cuidados é positiva para minimizar problemas", diz Hélio Vasconcelos Lopes.

fonte: UOL

2 comentários:

Anônimo disse...

Como os escândalos sobre corupção estão brotando como grama, seria interessante o governo lançar uma cartilha de "redução de danos". Coisas do tipo: "Jamais fale em telefones fixos, podem estar grampeados pela PF..."; "Celular, só com o carro andando, porque pode também estar grampeado..."; "Utilize sobrinhos, amigos e correligionários, mas tire o seu da reta..."; "Se tiver uma filha fora do casamento, é melhor assumir logo, porque hoje em dia temos o exame de DNA... Mas guarde as notinhas. Se não houver comprovações, diga que as vacas dão lucro..."

Anônimo disse...

Cara, que loucura... Tô chocada. Vi a reportagem no Jornal da rede Globo, agora na hora do almoço, também. Meu Deus, não acredito...

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