Os jornalões paulistas estão abarrotados de anúncios nos fins de semana – a maioria de imóveis zero quilômetro, apartamentos novinhos em folha. Parabéns, o espetáculo do crescimento já começou.
Mas a pletora de anúncios de lançamentos imobiliários não deveria interessar apenas aos departamentos de publicidade dos jornalões. A drástica redução no tamanho dos imóveis tem desdobramentos econômicos, urbanos e sociais extremamente importantes.
Num lançamento perto do Parque do Iberapuera um lindo rosto de mulher vende apartamentos com 55 metros quadrados. Há duas décadas esta metragem caracterizava os apartamentos sala-quarto-kitchnette, felizmente banidos.
Outro lançamento oferece quatro dormitórios (2 suítes) com apenas 145 metros. Neste espaço evidentemente os armários estão banidos e as camas só podem ser dobráveis ou escamoteáveis.
Em outro lançamento, no bairro da Pompéia, dois e três dormitórios com suíte são comprimidos em apenas 63 ou 77 metros quadrados. Em compensação, os planejadores oferecem uma piscina climatizada com raia de 25 metros onde os moradores certamente vão revezar-se: enquanto parte da família dorme, a outra nada.
No Campo Belo, engenhosos empreendedores imobiliários vão oferecer quatro dormitórios em 123 metros quadrados. Em compensação, o comprador poderá desfrutar de um quarteirão com cerca de oito mil metros quadrados com diversão para todas as idades. E provavelmente um "parque contemplativo" para curar as neuras e as psicoses resultantes de moradias tão espaçosas.
Este boom não é nada bom. Principalmente para os jornalistas que não podem examiná-lo de perto.
Alberto Dines, no Observatório da Imprensa
8.6.07
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