Uma das grandes vantagens das mulheres sobre nós é a coragem, o destemor, de chorar em público. Se o choro vem, as mulheres não congelam as lágrimas, como os machos, não guardam as lágrimas para depois, como nós guardamos, não levam as lágrimas para a envergonhada cisterna dos fracassos.
Homem que não chora não merece muita confiança. As mulheres não, falo da maioria das moças, desabam em qualquer canto e hora. Se estão mal de amor, choram na firma, no escritório mesmo, na fábrica, choram no trânsito, choram no metrô, simplesmente choram.
Como invejo as lágrimas sinceras das fêmeas.
Quantas vezes a gente não se preserva, por fraqueza, enquanto as lágrimas, em cachoeira, batem forte no peito machista e viram apenas pedras do gelo do uísque no happy hour mais grosseiro e vagabundo.
Como invejo as mulheres que misturam sim o trabalho com o drama heavy metal da existência. Desconfio da frieza profissional, das icebergs de tailleur, que imitam os piores homens e guardam tudo para molhar o travesseiro solitário numa noite de inverno.
Ora, as mulheres podem ser infinitamente poderosas, administrarem plataformas de petróleo nos mares... e chorarem um atlântico diante de uma alma perra e sem cuidados.
Lindas e comoventes as mulheres que choram em público, nas ruas, nos bares, nos restaurantes, nas malocas, no táxi. São antes de tudo umas fortes. Tristes dos que estranham ou ficam envergonhados com o mais verdadeiro dos choros. O eterno medinho do macho diante do pênalti que vale uma vaga no torneio da dignidade.
Xico Sá, no blog O Carapuceiro.
28.7.07
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Glândulas lacrimais a mil.
A maioria das nossas respostas são lágrimas com certeza.
E tem aquelas como eu, que até quando ri, chora.
Não tenho qualquer problema para chorar. Só não choro porque minha mãe me disse, ainda pequeno, que homem não chora e não posso desobedecer a mamãe. Certo?
O CHORO.
Eu choro porque gosto, eu choro por que preciso.
Assim como sentimos o gosto das lágrimas na boca quando choramos, também sinto meu cérebro e meu coração mergulhado nesta substância salobra. Refresca a mente quando a temperatura explode. Relaxa o coração quando este é sufocado pelo cinto da aflição.
Não sei como viveria sem o choro. É o calmante natural do meu corpo. Mais que isto. Ele é um dos elos que tenho com o Transcendente, com o Nirvana e com meu Pai.
Após uma ‘session’ sinto-me aliviado, como se estive ido ao ‘Nirvana’ e voltado. É um momento sagrado de ‘insights’, aquele instante onde algumas fichas caem. Momento que sinto o colo do Pai.
Assim como Pedro que após o terceiro canto do galo, caiu em si e nas lágrimas. Quando estamos alienados da nossa posição e depois caímos em si, descobrindo realmente quem somos nós (isto é ser humilde), neste momento choramos. Reconhecemos nossa pérfida estrutura e a necessidade da dependência do Criador.
Não digo qualquer chorinho não! (Lógico que na música um chorinho é muito bom) Tem que ser um choro empolgado, cheio de entusiasmo, aliás, entusiasmo vem de ‘in Teos’, ou seja, em Deus. Um choro deste é diferente, é uma enxurrada. Apenas o ouvido não chora, pois os olhos, o nariz e a boca se juntam num lamento só, com uma sinfonia afinada. Mas quando a bonança chega, recolhemos os seus frutos. O coração se torna mais forte e a mente está mais revigorada. Até o corpo parece outro (contando inclusive com a dor de cabeça).
O choro é uma das respostas essênciais do sistema límbico, é uma experiência profunda das emoções. Tanto da alegria, quanto da tristeza ou de outras fontes como: prazer, saudade, aflição, angústia, depressão e muitas outras.
Quem não derrama lágrimas, ou chora por dentro, ou não tem sistema emocional. Quem não chora não conhece o profundo das emoções e também não sente sabor gostoso do consolo, pois os que choram serão consolados. Quem não chora nunca sentiu o abraço apertado e quentinho do Pai. Quem não chora não sente a doce mão de Deus enxugando suas lágrimas. Quem não chora não desfruta deste alimento sagrado. Quem não semeia com lágrimas, não colhe com júbilo.
O Mestre Jesus também chorou. E chorou num momento estranho (olhando depois do acontecido). Ele sabia que ia ressuscitar Lázaro, tanto é que Ele disse que não precisava nem orar. Então porque chorou? Chorou porque era hora de chorar. Há tempo pra tudo debaixo do céu, inclusive chorar.
Paulo deixou isto claro como uma das evidências de um cristão, ou seja, cristão que é cristão chora. Se não chora por seus motivos, chora por motivos alheios, pois devemos chorar com quem está chorando. E quem não tem motivos para chorar?
E você, está desfrutando do poder choro? Está saboreando o salgado gosto das lágrimas? Se você não chora, não sabe o que está perdendo. Ou ainda está naquela que homem não chora?
Somente as pessoas que já morreram nos seus sentimentos não choram. Seus corações estão tão ressecados que não conseguem escorrer uma lágrima. Pessoas assim estão mortas na sua tristeza, angústia, depressão ou até mesmo dentro de um falso sorriso ou de entretenimentos fúteis. Pobres seres que não conhecem o poder regenerador de uma boa noite de choro.
E lembre-se é melhor chorar uma vez pelo fim de um namoro do que todos os dias por estar ao lado de alguém ruim.
Clay
www.alvissarasvirtual.blogspot.com
Postar um comentário