4.8.07

Look at the guy!

No mês passado, a banda cristã norte-americana Mute Math fez a trilha sonora da edição do Late Show, um dos principais talk shows da TV yankee, conduzido por David Letterman. Encerrando o programa, o quarteto de New Orleans literalmente quebrou tudo ao som de “Typical”, música candidata a hit do disco homônimo de estréia, lançado pela Teleprompt e Warner Bros em 2006. “Look at the guy”, gritou o apresentador extasiado com a performance matadora do baterista, Darren King. “He’s a monster!” Três dias antes, estiveram no talk show de Craig Ferguson.

Após o programa, a banda tem na agenda uma singela apresentação no gigantesco Reading Festival, Inglaterra, no dia 25 de agosto. O canal a cabo GNT, que exibe o Late Show de segunda a sexta-feira às 21h com aproximadamente uma semana de delay do veiculado nos EUA, transmitiu o programa, que contou ainda com entrevista do ator Adam Sandler, no dia 24.

Enquanto assistia a banda mandar amplificadores às alturas no palco do programa, pensei com botões do controle remoto se um dia a gente vai ver o Resgate, o Oficina G3, o Militantes ou um outro nome da “cena gospel nacional” botando abaixo o palco do enfadonho Programa do Jô, por exemplo. Mais ainda, encarar também o palco de um grande festival brasileiro – Tim Festival, Abril pro Rock ou Rock in Rio. Alguém aí pode gritar que o Oficina já subiu ao palco deste último, em janeiro de 2001. Beleza, sensacional. Mas foi só. Lá se vão seis anos.

Bom, nem tudo está perdido. Por aqui, você pode ligar na Rede Gospel e ver Paulinho Makuko dublando a si mesmo em playback no tosco Clip Gospel e esperar para vê-lo no próximo SOS da Vida. Porque neste certamente ele estará.

Pra que meter as caras no ‘mundão’ (alguém ainda usa a expressão?), romper (em fé) o paradigma da subcultura evangélica e ver-se suscetível a pedradas da crítica? Por que arriscar se a gente pode tocar eternamente no nosso arraial/gueto, pregar para convertidos, deitar nos louros da adulação e evitar maiores desgastes? Sinal de baixa auto-estima ou falta de confiança no próprio taco, escondidos atrás de um “não há comunhão entre a luz e as trevas” descontextualizado? It’s only rock’n’roll, baby.

Filipe Albuquerque é corintiano e jornalista, não necessariamente nessa ordem. Com os ouvidos cansados da pasmaceira gospel verde-amarela, busca novidades musicais entre cristãos de qq crenças. Colaborador do portal Rockpress e editor do blog Disco Eterno, já passou pelas redações dos jornais Valor Econômico, Diário Popular (atual Diário de S.Paulo), Revista Jovem Pan e foi repórterdo canal Música do portal Myweb.

Um comentário:

Ricardo [DIVERSITÀ] disse...

enquanto para eles "música" for apenas "caminho para" e não verdadeiramente "vida" (pois é assim que vejo tudo Deus criou e nos faz chegar mais perto dEle) eles continuaram sendo sal dentro do saleiro, luz na placa de neon, etc, etc.

abraço's

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