11.9.07

Camila Pitanga (2)

Na semana passada, ele usou tanga numa cerimônia pública. Já obrigou os padres de Aparecida a usarem batina para atrair o turismo à cidade. Casou num cemitério ao lado de 120 padrinhos e construiu um túmulo para si mesmo, com o símbolo do Corinthians. Contratou pitbulls "sem licitação" para cuidar do jazigo. Jogou terra na entrada de Potim, município vizinho, para impedir que presidiários de lá fugissem para a sua cidade. José Luiz Rodrigues (DEM-SP), o "Zé Louquinho", prefeito de Aparecida, falou à coluna:

FOLHA - O senhor usou tanga numa reunião de prefeitos de SP para protestar contra o bloqueio judicial de R$ 700 mil da prefeitura. Ouviu piadas?

JOSÉ LUIZ RODRIGUES - Acontece. O povo, coitado, não sabe. Você acha que eu queria fazer aquilo? Não sou louco. Mas, se eu não gritar, como vou fazer? O ex-governador Claudio Lembo até estava lá. Esperei ele sair, para não ficar constrangedor. Daí fui ao banheiro e vesti a tanga. Quando voltei, muita gente deu risada. Depois, começaram a chorar. Estão discutindo se minha barriga é grande, se minha perna é feia, se tenho varizes. Mas o pessoal sabe do meu aperto aqui. Foram seqüestrados R$ 700 mil da conta da prefeitura e podem ser seqüestrados mais. São contas anteriores, de 1987, 1992. Já paguei R$ 5 milhões de atrasados. Você entra em desespero.

FOLHA - O que sua mulher [Maria Helena Macedo] achou?

RODRIGUES - Ela está acostumada. Desde criança eu sou assim. Meu casamento teve 120 padrinhos e foi em frente ao cemitério. Fiz cartazes convidando a população. Teve banda, congada, charrete...

FOLHA - É verdade que o senhor tem 12 filhos com 12 mulheres?

RODRIGUES - Que é isso, rapaz? Com a minha mulher, tenho dois filhos. Tenho mais alguns, mas não chega a 12. Não arruma confusão para mim, hein?

FOLHA - Outra medida célebre do senhor foi baixar um decreto proibindo que chovesse na cidade.

RODRIGUES - Os vereadores dizem que tudo o que acontece de ruim na cidade é culpa do prefeito. Então fiz decreto proibindo chuva, relâmpago e trovoada. E sabe que, graças a Deus, até hoje não choveu forte? O pessoal já conhece o meu jeito. Construí até um túmulo no cemitério para mim.

FOLHA - Como assim?

RODRIGUES - Vem turista para ver o túmulo aqui, pô! Tem o logotipo do Corinthians, é tudo preto e branco. Dá até vontade de morrer!

FOLHA - O senhor contratou cães para cuidar dos túmulos?

RODRIGUES - Roubaram três vezes o cemitério em que eu casei. Pensei: "Vou pôr três pitbulls lá, aí ninguém mais rouba". E deu certinho. Mas dispensei os cachorros porque não tinha como pagar salários sem concurso público, e não dá para fazer concurso para cachorro, né?

FOLHA - Por que tentou impedir o uso da minissaia?

RODRIGUES - Isso foi na época da quaresma. Também baixei um decreto obrigando os padres a usarem sempre a batina. Queria identificá-los, porque as pessoas às vezes querem saber quem são, querem conversar com eles. Mas pedi perdão ao bispo e abandonei a idéia.

fonte: coluna da Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo.

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