Luciano Huck - Acho que a epidemia já foi assumida por todas as autoridades responsáveis pela cidade e pelo estado do Rio de Janeiro. O absurdo é chegarmos a este ponto. Com a pujança financeira e econômica que vivemos no Brasil, sofrermos com uma epidemia de dengue é um contra-senso. Deixa claro o país de contrastes que ainda somos. O que me assusta não são os mosquitos, mas sim, a qualidade, ou melhor, a falta dela, no atendimento à população. É inaceitável uma cidade como o Rio de Janeiro não ter uma estrutura decente de saúde pública. A classe média vai aos hospitais particulares, mas o mosquito não pica pelo tamanho do bolso.
ÉPOCA - Você foi assaltado e pouco tempo depois pegou dengue. É uma maré de azar?
Huck - Acho que sofri com dois problemas que claramente não são exclusividades minhas. Em ambos os casos, estou acompanhado de muita gente que também sofre com a inércia e falta de eficiência do Estado. As duas mazelas que vivi poderiam ser facilmente evitadas se o dinheiro que aparece cada vez em lugares mais esquisitos (cuecas, caixas de sapato, apartamento em Miami, caixa-dois, mensalão) estivessem sendo aplicados com a responsabilidade que deveriam. Vivo nas ruas das principais cidades do Brasil porque é nelas que gravo o programa. Estou exposto a problemas urbanos vividos por grande parte da população e suas conseqüências. O que de certa forma é uma rica experiência de cidadania. A vida e os problemas do Brasil vão bem além dos muros do Projac.
ÉPOCA - Qual é o seu maior medo?
Huck - Desde o começo o que mais me preocupou foram as crianças. Hoje elas não vão ao banheiro sem repelente.
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fonte: Época
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Chatice é uma característica que perpassa todas as áreas, inclusive na indignação oportunista. O cara é mala bagarai.
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