Juro que não entendi a decisão de um juiz de Natal, que determinou que três delinquentes entre 20 e 23 anos pudessem sair da prisão – desde que voltassem a estudar e se dedicassem a leitura de obras de nossa melhor literatura, como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e a Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa.
É claro que a boa leitura sempre faz bem. Também não acho que penas duras sejam sempre o melhor remédio. O filme Meu Nome não é Johnny está aí para lembrar o destino de João Estrela, o super-traficante recuperado após cumprir uma pena relativamente branda – o que talvez não tivesse acontecido se ele não tivesse tido essa chance.
Os jovens em questão foram presos na Operação Colossus, que apanhou uma rede de bandidos dedicada a cometer um crime típico de nossos tempos – roubo de senhas e clonagem de cartões pela internet. A prisão da quadrilha foi motivo de uma boa divulgação na imprensa. Os jornais anunciaram que o bando cometera roubos na ordem de milhões de reais. Isso aconteceu em agosto de 2007. Nove meses depois, vários detidos foram soltos. Curiosamente, os três novos literatos – que já tiveram passagem anterior pela polícia.
Ou a operação não apanhou gente tão importante assim. Ou então o liberalismo de nosso judiciário precisa ser melhor explicado. Afinal, ler Guimarães Rosa e Graciliano Ramos não é punição para ninguém. É um prêmio.
O que você acha?
Paulo Moreira Leite
23.4.08
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2 comentários:
Amei a leitura de Hora e a Vez de Augusto Matraga, mt interessante e bem escrito! =)
Abração Pava
Fique na Graça
Um Juiz inocente esse. Esquece que os meninos vão entregar, sim, um resumo dos baixos. Baixado da internet, é claro...
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