12.5.08

A Era Wiki

"Wiki foi tirado da expressão wiki-wiki para 'muito rápido' em havaiano" (Wikipédia).

No dia 18 de abril, quando se comemorava o aniversário de Monteiro Lobato – a exatas seis décadas de distância de sua morte – tive a honra de participar de um painel, na ABL, ao lado de Ana Maria Machado, Marisa Lajollo e Laura Sandroni, para tratar das influências ainda vivas desse patrício tão excêntrico quanto brilhante nos contornos e assombros da sociedade brasileira.

Para expor o meu tema – O que seria de nós sem Lobato? – lancei mão de um estratagema que aprendi há muitos anos, com Marcio Moreira, outro patrício brilhante – este na publicidade – que fez sucesso nos EUA. Chamado a fazer uma palestra sobre a publicidade brasileira, em N. York, Marcio despachou perguntas através do fax (naqueles anos 80, a última palavra em tecnologia da comunicação) para todos os seus colegas criativos e – em poucas horas – tinha feito uma pesquisa instantânea e atualíssima sobre o estado da arte publicitária em nosso país.

Pouco tempo depois, fui convidado a falar sobre a imagem das forças armadas na ESG, no Rio, e imitei o MM, para consultar os meus amigos publicitários sobre suas opiniões; o que foi uma ótima idéia, pois imagino que teria sido preso, se apresentasse aquelas sugestões – a maioria com críticas – como coisa minha...

Desta vez, tendo-se virado a primeira capa do novo Século, eu já dispunha deste fantástico – e democrático - instrumento de comunicação, que é a internet, que nos possibilita a consulta instantânea a metade da população do planeta (se tivermos os seus e-mails). Disparei os meus para meia centena de amigos e – em menos de uma semana – contava com respostas riquíssimas de trinta deles à minha pergunta básica, a respeito dos principais problemas que a nossa sociedade ainda tem pela frente, para chegar a parecer-se, mesmo de longe, com a utopia sonhada por Lobato.

Na verdade, o material era tão bom, que fiquei meio envergonhado de apresentar o trabalho só como coisa minha – e tive a idéia de pedir ao pessoal da Associação Nacional do Livro Infanto-Juvenil, que promovia o evento, para dar-lhe o subtítulo, no convite, de wikipalestra.

Apenas um dos meus amigos lembrou-se de perguntar se eu iria dividir o cachê – e, assim mesmo, de pilhéria. Só que a questão é procedente. Esse brinquedo novo, que nos diverte e educa, em casa e no trabalho, além de proporcionar uma liberdade de expressão jamais vista (que muitos tentam limitar, ainda sem sucesso) oferece uma imensa gama de serviços – principalmente – inteiramente de graça. Bem ou mal, os grandes grupos econômicos estão-se organizando para faturar no novo meio (acho que as empresas de telefonia e comunicação estão ganhando muito, e muito fácil); mas para as pessoas físicas é mais complicado.

Por enquanto, podemos retribuir o que estamos recebendo na mesma moeda, ou seja, colaborando – sem cachê – nos trabalhos e nas pesquisas dos outros. Talvez seja este, quem sabe, o principal caminho que vai trilhar esta nova Era Wiki para as pessoas como você e eu...

J. Roberto Whitaker Penteado, noPropaganda & Marketing.

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