14.7.08

Camelôs da fé

Em menos de um minuto, o funcionário público José Ferreira Batista, 62, participou de uma sessão de "descarrego" na calçada da rua da Consolação, no centro de São Paulo. Ele caminhava para o trabalho, no Tribunal de Justiça, quando foi convidado por dois pastores evangélicos para receber uma oração rápida em uma banquinha - do tamanho usado pelos camelôs - onde havia uma Bíblia e uma taça com óleo.

"Em nome do Senhor seja afastada toda a energia negativa, no setor profissional, no sentimental e na saúde. Sai!", disse o pastor Israel Alves da Silva, segurando a cabeça de Batista após ungi-la com óleo.

"Você sente o prazer que te eleva ao encontro de um espírito invisível", disse o servidor Batista, que é evangélico.

O pastor Israel e seu colega Joaquim Cassiano Cândido escolheram o centro para oferecer orações gratuitas para funcionários de empresas e comerciantes que têm pouco tempo a perder a caminho do trabalho ou na hora do almoço. Eles dizem pertencer à Igreja Internacional do Reino de Cristo, de São Mateus, na zona leste, e seguem a linha evangélica neopentecostal.

Exorcismo

Segundo o teólogo Fernando Altemeyer Júnior, professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica), as igrejas neopentecostais surgiram na década de 90 e costumam ter como tema a prosperidade e o sucesso profissional.

Ele diz que a pregação na rua sempre fez parte da história das religiões. "No catolicismo surgiram as procissões e o Corpus Christi, no protestantismo [a cerimônia] era feita nas casas. A missão do cristianismo é evangelizar".

Para ele, a novidade do trabalho foi usar na rua o ritual do exorcismo (ou "descarrego", para os evangélicos), que surgiu na Igreja Católica e era praticado nas igrejas e reservadamente.

Na semana passada, próximo à igreja da Consolação, em uma hora 12 pessoas receberam orações. Segundo os pastores, a média é de 60 pessoas por dia. Elas se aproximam, recebem folhetos, assinam um livro e recebem as orações de descarrego, que, segundo os pastores, ajudam a combater doenças e melhoram a vida profissional.

"Eu estava saindo da igreja da Consolação quando vi a barraquinha. Sou católica, mas Deus é um só e todas as orações são boas", disse a aposentada Joana de Araújo Alves, 63.

fonte: Folha Online

3 comentários:

leandro ferraz disse...

Corrigindo o teólogo, as igrejas neopentecostais no Brasil surgiram na década de 70, vide IURD e Internacional da Graça.

Pavarini disse...

Leandro, vou + longe no calendário. rsrs As igrejas neopentecostais surgiram na primeira metade da década de 60.

Tá lá no livro do Ricardo Mariano, um sociólogo que estuda o tema há vários anos. Recomendo a leitura, aliás! =]

Big abraço

Anônimo disse...

Teólogos são teólogos, crentes são salvos.
Eu acho estranho a crítica vir de onde deveria vir ajuda ou uma orientação.
Este blog como tantos, parece um tanque de guerra, que fica mirando apenas para atirar as bombas.
Eu ponho em dúvida sua salvação, sr. criador deste blog.

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