Sei o quanto é difícil aceitar a idéia da existência de Deus. Essa é uma questão milenar. Ao longo dos séculos, muitos recusaram aceitá-la e alguns fizeram mais do que isso, combateram-na, em alguns casos, ridicularizaram-na. A meu ver, prevaleceu a crença na existência de um criador e mantenedor do universo, vulgarmente conhecido como Deus. Os judeus deram a maior contribuição, se bem que sempre defenderam o seu Deus como o único. O Deus cristão surgiu do próprio judaísmo quando um judeu rebelde chamado Jesus, natural de Belém e cidadão de Nazaré, na Galiléa, contestou o legalismo judaico defendendo a salvação pela graça e o perdão incondicional vinculado ao seu ato pessoal, compulsório e sacrificial em pró de toda a humanidade.
Entretanto, tenho experimentado nos últimos tempos uma dificuldade ainda maior, ou seja, depois de viver a maior parte de minha vida certo da existência do Deus cristão, tendo defendido-o com risco da própria vida, propagado seu nome e amor irrestrito em boa parte desse mundo a tempo ou fora dele, sacrificado a minha família e a mim próprio enquanto trabalhava insanamente a favor de sua causa, talvez ele não exista, ou pelo menos não na foram concebida por mim, inicialmente.
Não é fácil olhar para a sustentação do universo e aceitar a não existência de Deus. Menos ainda, imaginar a possibilidade de um Big Bang. Fora todas as experiências transcendentais que incluíram ouvir a voz de Deus, falar com anjos, sonhar revelações, profetizar, ensinar, pastorear, evangelizar, socorrer, curar e receber bênçãos imerecidas em diversas oportunidades.
O que seria tudo isso então? A Psiquiatria resolve isso fácil jogando tudo na conta da insanidade esquizofrênica. As religiões dirão muitas respostas, inclusive a velha e boa máxima: Ele nunca creu de fato.
Pior ainda é imaginar viver sem Deus. Se ele não existe o que eu faço agora? Pelo menos, quando acreditava nele sem duvidar, entrava em meu quarto em meio às tribulações, fechava a porta e colocava minhas dores na presença dele. Geralmente saía de lá com soluções, algumas inéditas, inacreditáveis e, portanto, memoráveis.
Parece que o sonho terminou. Fui pego com as calças na mão. Só consigo dizer: “Não é o que vocês estão pensando.” Na verdade minha fé parece nunca ter sido. Ouço zombarias do tipo: Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se de fato lhe quer bem; porque disse: Sou discípulo do Filho de Deus” ou “Salvou os outros; a si mesmo se salve, se Jesus Cristo era de fato Filho de Deus”.
Por todo lado só vejo trevas. Onde estão as oportunidades? Onde está o meu Deus que me pôs por cabeça e não por cauda e me escolheu para anunciar e buscar o Reino de Deus enquanto ele se encarregaria de suprir todas as minhas necessidades. Antes sou prisioneiro de todo tipo de adversidades. Melhor está aquele que nada tem do que eu tendo, sei que estou em um castelo de areia prestes a desmoronar.
Se estiver errado e ele existe, de fato, sua mão deverá estender-se em minha direção sem a minha colaboração, pois estou fraco, cansado e incrédulo, embora não queira acreditar nessa probabilidade. Talvez a água da incredulidade tenha provocado a erosão de minha fé. A infiltração é um dos maiores males da humanidade.
Quem desejar consolar o incrédulo, não pense em mim, apenas, mas nos milhares de desapontados e desesperançados de nossos dias. Caso você seja macho ou uma fêmea destemida, faça algo concreto por um deles, talvez o que está mais próximo de você.
Lou Mello, no blog A Gruta.
17.8.08
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