13.9.08

Não sei que vida é a minha

Ter saudades é viver.
Não sei que vida é a minha.
Que hoje só tenho saudades
De quando saudades tinha.
Passei longe pelo mundo.
Sou o que o mundo seu fez,
Mas guardo na alma da alma
Minha alma de português.
E o português é saudades.
Porque só as sente bem
Quem tem aquela palavra
Para dizer que as tem.

Olha-me rindo uma criança
E a minha alma madrugou.
Tenho razão, tenho esperança
Tenho o que nunca me bastou.
Bem sei. Tudo isto é um sorriso
Que é nem sequer sorriso meu.
Mas para meu não o preciso
Basta-me ser de quem mo deu.
Breve momento em que um olhar
Sorriu ao certo pra mim...
És a memória de um lugar,
Onde já fui feliz assim.

Fernando Pessoa

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