Como alguém se torna discípulo de Jesus?
Uma dessas respostas é a idéia de que alguém se torna discípulo de Jesus, por imitação. Thomas A. Kempis em seu clássico A imitação de Cristo parece recomendar este modo. Kempis diz: “Portanto deixe nosso estudo supremo ser – a vida de Jesus Cristo … porque qualquer que deseje compreender as palavras de Cristo e o seu sabor deve estudar para moldar toda a sua vida à vida de Jesus”. Um livro popular nos convida a perguntar em cada situação: O que Jesus faria agora? É uma boa pergunta. Mas também é uma pergunta muito deprimente.
Por um lado a idéia de imitação está implícita no discipulado. É literalmente verdadeiro que nos tornamos como a pessoa que estamos seguindo. Jesus disse isto: “O discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre.” (Lucas 6.40). Os filhos inevitavelmente imitam seus pais de um modo que se torna uma auto-revelação embaraçosa para seus próprios pais. Assim como o discipulado, a paternidade é literalmente um processo de imitação. O aprendiz geralmente não consegue descobrir o que o seu mestre sabe. Mais importante, o aprendiz se torna como o seu mestre. Nós nos tornamos iguais às pessoas a quem nos associamos. Mas imitar a única pessoa perfeita que já agraciou a história humana é um ideal impossível. O chamamento característico de Jesus aos seus discípulos não foi “imitem-me”, e sim “sigam-me”.
Em nenhum momento podemos nos virar para alguém, como Jesus fez para aqueles que investigavam sua vida, e dizer “qual de vocês me acusa de pecado?” O esforço para imitar a vida perfeita de Jesus pode mesmo se tornar uma forma de trabalho ou um alvo de integridade perfeita de modo que nos empenhamos em direção a um ideal tão impossível que se torna um fardo intolerável. O teólogo P.T. Forsyth estava certo quando disse que Jesus é nosso supremo libertador ou nosso fardo intolerável. Como modelo ele é o máximo, se tivesse pedido que o copiássemos.
Alguém poderia de modo zeloso imitar Jesus e tentar obedecer seus mandamentos sem se tornar um discípulo. Como o filho mais velho da Parábola do Filho Pródigo, alguém poderia dizer a seu pai de modo farisaico: “Olha ! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci as tuas ordens.” (Lucas 15.29) A suprema tragédia daquele homem “bom” foi que, apesar de haver trabalhado arduamente e vivido sob as ordens do pai, ele não conhecia o pai. Como um exemplo de um “quase cristão”, o irmão mais velho nos mostra que há mais no discipulado do que imitar e obedecer. Em uma relação de intimidade deve haver “o conhecer e ser conhecido”. Não pode haver maior tragédia do que alguém chegar ao final da vida e ser confrontado com estas devastadoras palavras do Deus do universo: “Nunca os conheci” (Mateus 7.23).
trechos do capítulo "Discípulos de Jesus", escrito por R. Paul Stevens no livro Espiritualidade Bíblica, recém lançado pela editora Palavra.
via blog do Alex Fajardo
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