Autor de best-sellers como "Timbuktu", "O Livro das Ilusões", "A Noite do Oráculo" e "Música do Acaso", Auster, que apresentou hoje em Barcelona seu mais recente livro, "Man in the Dark" ("Homem no Escuro"), disse que admira profundamente Obama "por sua inteligência aguda, por saber manter a calma e a cabeça muito fria, inclusive em situações de muita pressão".
Para Auster, "(o candidato republicano à Presidência dos EUA, John) McCain é todo o oposto, é impulsivo, esquenta a cabeça com facilidade e tende a agir antes de pensar".
Segundo o escritor, "os europeus não sabem do calibre da pressão à qual (Obama) está sujeito nos EUA, pois ser o primeiro candidato negro à Presidência é uma carga colossal, exige que não cometa nenhum erro e que seja praticamente perfeito e, de fato, ele soube manter a cabeça fria, não deu um passo em falso nem perdeu a postura".
Caso Obama perca as eleições, diz Auster, "será pela cor de sua pele".
"Acho impossível medir até que ponto os EUA são um país racista, mas em condições normais, com um candidato branco, após uma administração fracassada pelos republicanos e a terrível Presidência de (o chefe de Estado americano, George W.) Bush ninguém duvida que os democratas ganhariam", acrescentou.
O escritor percebe os EUA como "um país dividido, que disputa uma guerra civil sem balas, mas com palavras e com idéias neste momento. Isto deixa pouca base comum, até o ponto de parecer que há dois ou inclusive mais países".
Auster considera difícil poder conversar com os 44% dos americanos que não acreditam na teoria da evolução de Darwin e que ainda crêem que o mundo foi criado em seis dias.
"Caso extrapolemos este caso em outros 500 temas que nos afetam, é claro que não conseguiremos nos comunicar", declarou.
Crise financeira
Sobre a crise financeira nos EUA, o escritor disse que 'nos últimos 30 anos as idéias do (economista) Milton Friedman invadiram a mentalidade de todos os americanos, a idéia do capitalismo selvagem, segundo a qual a base é o mercado livre, um mercado que se auto-regula'.
Para Auster, esta auto-regulação é "falsa", pois "o capitalismo tende a se autodevorar, a assumir cada vez mais riscos, e o que vemos agora são as conseqüências da execução de idéias erradas".
Diante desta situação, afirma que deve haver um governo que analise e tome medidas para um maior marco regulador. "Caso isto não seja feito deste jeito, em dois anos pode ser que comecemos a passar fome", acrescenta.
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