18.10.08

Notícias do Império

Entre tapas e beijos, antecipo uma vitória constrangedora de Barack Obama na eleição de 2008. Constrangedora, porque os “red-necks”, os evangélicos fundamentalistas, os politicamente conservadores, vão ter de engoli-lo. A não ser que um cataclisma de enorme magnitude surpreenda a todos, não acredito que John McCain tenha vigor para reverter o embalo que vai guindar Obama como o primeiro negro na presidência dos Estados Unidos.

Enquanto viajei de automóvel de Chicago para Boston, vesti uma camiseta pró-Obama. Estranhei que ninguém tenha se solidarizado com a minha militância secreta. Porém, enquanto almoçava em um restaurante perdido no interior do estado de Nova Iorque, fui repreendido por um velho de bengala. Sem saber que eu era estrangeiro, o senhor veio até a nossa mesa e com o dedo em riste, perguntou: “Obama?” Procurando esconder o sotaque, respondi: “Yes, all the way”. Com furor, ele retrucou: “Big mistake, big mistake”.

Quem sabe Obama consiga implementar algumas políticas realmente vanguardistas na sede do império. Tomara que sim. Sou ressabiado, lembro-me que o pique transformador do metalúrgico presidente do Brasil acabou abafado pelas alianças que seu partido precisou fazer.

O que tenho a ver com a eleição americana? Sou brasileiro sem a menor pretensão de viver nos Estados Unidos. A rigor, não deveria interessar-me com a sorte deles.

Acontece que há muitos anos, os gringos elegeram Jimmy Carter, um presidente digno e por quem tenho grande admiração. Sua política externa afetou a minha história, porque Carter se recusou a chancelar a diplomacia conspiradora e intervencionista de Henry Kissinger. (Kissinger ajudou, por exemplo, a articular o golpe de estado contra Allende no Chile, como também apadrinhou Pinochet).

O presidente Carter enviou a sua mulher em uma missão oficial ao Brasil para expressar verbalmente que os Estados Unidos não se aliariam a torturadores. E que a ditadura militar não deveria contar com o suporte ou auxílio do Departamento de Estado. A partir de sua visita, a petulância do regime despencou. Devo, portanto, a Jimmy Carter a paz que passou a reinar em minha família - e ele nem sabe que existo.

Sinto que o mundo há de respirar com mais oxigênio (literal e metaforicamente), caso Obama seja eleito. Não, não me iludo, sei que ele pode decepcionar. Estou velho demais para ser ingênuo ou otimista com o seu possível mandato. Mas que é bom ver Bush e sua equipe sairem de cena, isso é.

Esperemos...

Soli Deo Gloria.


Leia +

3 comentários:

Anônimo disse...

Respeito a posição do Gondim. Considero-o um homem de Deus e muito centrado.
Não conheço suficientemente o assunto e nem os candidatos para ter argumentos para questionar sua posição.
Mas conhecendo um pouco da natureza humana e o que a Palavra de Deus diz sobre ela acho um pouco precipitado apostar tanto assim.
Não tenho nada contra Obama e nem torço para o McCain.
Obama tem carisma, idéias, personalidade impactante e aparente segurança.
Mas é isso mesmo que me deixa desconfiado.
O mundo ainda não perdeu a esperança de encontrar um homem bom ou algo bom no homem. É disto que vai se valer o anti-cristo para ser aclamado o grande salvador (não que o Obama seja ele, de maneira nenhuma, mas é a questão da mentalidade propícia para o receber).
O triunfalismo da Igreja, alardeada pelas lideranças cristãs, na qual, dizem, Obama é uma peça chave, não é muito bíblica.
As Escrituras dão a entender que a igreja é vitoriosa, mas não do jeito que ela imagina. Jesus terá que salvá-la duas vezes. A primeira, espiritualmente, ele já fez. A segunda, fisicamente, ele fará arrebatando-a do caos.
Também não acho que devamos ser fatalistas e entregar os pontos, pelo contrário, devemos até o último instante representar e lutar pelos princípios de amor e justiça do Reino ao qual pertencemos.
Mas que eu espero uma vitória bem maior do que salvar este mundo (planeta), isso espero.
Quando ouço o povo colocando todas as suas fichas e esperanças em um homem, principalmente através dos meios políticos, fico com uma sensação de "deja vu", ou melhor, "de já vi esse filme".

juberd2008 disse...

Gondim é Obama, vejo outros blogues que são pró-McCain. Por trás, o velho debate entre conservadores e liberais, não somente na área econômica, mas também na religiosa. Deve-se lembrar que o voto religioso teve um papel importante no resultado das últimas eleições americanas em 2000 e 2004.

Unknown disse...

Segundo foi noticiado aqui no Brasil, Obama gastaria 150 milhões nesses últimos dias de eleição. Quem são os doadores desse dinheiro? Lá como cá, os politicos estão e sempre estarão defendendo o interesse de grupos.
Assim é o poder.

Blog Widget by LinkWithin