Ando um pouco cheia dessa coisa cult.Desses mocinhos fofos e de mãos lisinhas que ficam magoados quando escutam uma mulher falar um palavrão.
Desses que lêem horóscopo, choram no ombro da melhor amiga, demoram 35 minutos pra arrumar o topetinho e fazem aula de body pump para ficar com a bundinha dura.
Eu já os adorei. Sim, confesso. Os preferi, até. Ah, os rapazes demi-sec... Ando tão cheia deles quanto eles andam cheios de comer muffin de maçã com canela no Café Suplicy.
Os rapazes em pauta vêm ao mundo adulto dotados de um emaranhamento emocional digno de moçoilas castas - o que justifica o fato deles, por repetidas vezes, preferirem não comer ninguém a correr o risco de se envolverem com alguém emocionalmente. Explico.
No início parecem simplesmente espirituosos, engraçadinhos e limpinhos. Depois de uns dias, charmosamente tímidos. Lá pelas tantas, revelam-se adolescentes perdidos nos seus trinta e poucos. Eu ponho a culpa em Ross Geller. Foi por culpa dele que a gente começou a achar que homens desse tipo nos fariam felizes.
Mas, enfim, chega o momento na vida de uma mulher em que ela pode e deve abrir mão de bofes conceituais. Depois de muitos rapazes delicados, adquiri-se o direito de assumir que você está muito mais é a fim de um Nô para lhe chamar de “Minha Branca”. Mesmo que ninguém acredite, mesmo que o mocinho de bochechas rosadas com topetinho milimetricamente arrumado continue achando que você só quer é se casar com ele e com ele constituir uma família toda linda e de bochechas rosadas. Vale a pena assumir, para sua saúde: eu quero mesmo é um homem xucro!
O meu seria um cowboy.
Bonito, não me venha com beleza subjetiva. Quero uma beleza plástica, óbvia, olímpica, country.
É bom que seja gostoso, também, com uns braços bons de apertar, um cabelo macio para passar a mão, um olhar cerrado e profundo. E eu particularmente prefiro que ele seja loiro. Porque eu gosto e só.
Ele fica ali, mascando fumo e dando umas cuspidas no chão. Quando termina, abre uma cerveja. Dá um golão bão e aí ele quer você. E te chama assim: “Ô...” Ele quer um beijo. Na verdade, um malho. Oito segundos com esse homem equivalem a cerca de um ano e meio com o outro, de quem você nem lembra mais o nome nessas alturas do rodeio.
Esse cara coça o saco. Na sua frente, aliás. Abre garrafa no dente e resmunga mais do que articula as palavras, mas não se engane: ele não é burro, não senhora! É só econômico. Para que ficar falando um monte de merda quando existem tantas outras coisas mais importantes para se fazer?
Ele dirige uma camionete e na carroceria carrega uma máquina roçadeira e um galão de óleo diesel. Coisas másculas, sabe, coisas que exalam o perfume do cromossomo Y à distância.
Não usa brinco, colarzinho, nenhuma dessas porras. Lava o cabelo com sabonete neutro, fuma cigarro sem filtro e gosta de uísque puro. Jamais ouviu falar em energético. Jamais!
Ele não precisa de uma produção especial para entrar no clima. E não perde o clima só porque um pernilongo entrou no quarto e picou sua bunda. Que é durinha, sim. Mas não graças às aulas de body pump, não senhor...
Vontade de um moço rústico. Vontade de um cabra macho. De um homem seco e sem açúcar.
Um homem brüt, que me encostasse contra a cerca, me lascasse um beijo insano e me chamasse, assim...
_“Ô...”
Cléo Araújo, no Blônicas.
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11.10.08
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