16.11.08

E-dating: a dificuldade de conseguir um namoro pela internet

A parte triste de ser solteiro e fazer greve de sexo é que ninguem nota. A não ser que você coloque isso no twitter e surjam convites inesperados. Entre as ofertas de amor espontâneo, possessão física e caridade emocional, a que mais me chocou foi o convite para visitar a Igreja Universal do Reino de Deus. Não pelo lugar, mas por ser na famosa “noite do descarrego“. Questão de agenda.

(Aliás, alguém sabe qual é a daquela Igreja Brasil para Cristo e a Igreja Mundial? Por que ir na versao brasileira ou na Mundial se você pode ir na Universal?)

Falando em estrangeiros, desisti de encontrar o amor no Brasil. Há muito tempo, quando o Cazé na MTV era careca e eu tinha cabelo, fiz um pacto com uma amiga de nos casarmos caso os dois chegassem aos 30 anos sem ter um par. Adiantando o acordo em quase 8 anos, liguei pra garota. Estava namorando, noiva, prestes a casar. Ter affair com mulher antes do casamento não tem graca.

Não tinha jeito, o próximo passo era recorrer a internet mais uma vez. Pelo Orkut, visitei comunidades do orkut com seres que tinham um certo tesão por pessoas com características como as minhas, mas elas nunca gostavam do pacote completo. Para brasileiros, sardinhas são peixes enlatados e não marcas bonitinhas na pele.

Com a ginga brasileira, jeito latino e malandragem da Zona Leste, me inscrevi no MySpace e gastei meu inglês. Conheci uma garota da Inglaterra. Muito fina, muito educada e muito branca, tão branca que pedi pra ela ajustar o contraste na webcam.
A gringa era fofa e dócil. Mostrei meu quarto, minhas roupas, meu cachorro, meu pote de Biotônico Fontoura guardado no armário e ela aceitou tudo isso com uma educação britânica digna de familia real. Pronto, eu estava apaixonado e aceito. Se um padre virtual nos casasse pelo GTalk, eu poderia viajar a Grã-Betanha com visto vitalício.

Marcamos uma data, no final de semana, para que nossa relação ficasse mais steady. Ela me apresentaria seus pais e eu achei isso o máximo. Entrei no dia marcado e ela estava sozinha. Falou que se íamos nos casar, ela precisava conhecer meu corpinho. Isso me lembrou o NetMeeting do UOL em 2001, mas resolvi apostar na sorte.

Com muita vergonha, mostrei a barriga. A ausência de barriga. Uma barriga magra. Mas tudo que ela notou foi que eu não tinha umbigo. Disse que eu parecia Adão, o primeiro homem, e que isso a deixava meio desconfortável. Citou Bíblia algumas vezes e disse que não ia comer o fruto proibido. Tentei argumentar que era eu quem comeria, mas a gringa surtou.

Ela disse que a internet estava ruim e que podia cair a qualquer momento. Foi o gato subindo no telhado. A tela da webcam ficou preta. Depois, ela desconectou e eu fiquei ali, descamisado, sem umbigo e sem esposa. Valeu, jesus!

Felipe Luno, no Pink Ego Box.

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2 comentários:

Mel disse...

Oi Pava...

É engraçado ver hoje como tudo esta se tornando virtual na vida das pessoas, tem um estudo que mostra que as agencias matrimoniais virtuais tem crescido muito, e as exigencias cada dia que passa fica maior, e um dado que me surpreendeu foi que os foras sao bem mais radicais que ao vivo, afinal o laço emocional acaba criando-se mais morosamente... do que ao vivo. Fico imaginando, será que esse é o futuro dos relacionamentos? Na Era digital tudo tem se tornado cada dia mto mais frio.

Parabens pelo post!
Bjs
Mel
twitter: LindinhadaMamis
Blog: bloguinhodamel.blogspot.com

berna disse...

Eu mesmo estou tentando de tudo para conquistar o Pava, mas nada (medalha de ouro em Pequim). Será que o Pava ronca à noite? se sim, nada de casamento.

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