8.11.08

O livro na telinha é muito melhor

Outro dia fui conhecer uma escola-modelo da Fundação Bradesco em parceria com a Intel na cidade de Campinas. O lugar era totalmente futurista e trazia “atrações” que começavam com o reconhecimento de face, logo na entrada, passando por salas que regulam a cor da luz conforme a disciplina, até o fato de toda a classe estar munida de mininotebooks, os Classmate PCs. Mas o que isso tudo tem a ver com empreendedorismo? Tirando que alguns dos alunos da Fundação Bradesco terão um pé a mais no mundo high-tech e poderão ser futuros sócios de “startups”, nada.

Na realidade, uma das novidades da escola – que nem é tão futurista assim – chamou-me a atenção. No lugar de livros, os alunos portavam leitores de e-books. Para pessoas de outras gerações, o apego ao livro físico ainda é grande. Mas, bastou eu tirar um ultrapassado bloco de papel da bolsa, com o título Ilusões Perdidas, para que a criançada, de mais ou menos 10 anos, falasse em coro: "Tio, o livro na telinha é muito melhor!".

A oportunidadeÉ dentro dessa perspectiva que nasceu o NeoReader. Na realidade, o publicitário Rodrigo Zanforlin, sócio da agência Neotix, teve a idéia de criar uma digital library há seis anos, quando penou em encontrar, na web, material sobre a TV Digital (naquela época ainda era uma bela promessa). A partir daí, Zanforlin começou a amadurecer a idéia de criar uma biblioteca digital com requintes de interatividade.

Claro que, estando no Brasil, a dificuldade de se colocar um projeto em prática é gigantesca. Baseado na plataforma web, menos ainda. Seis anos atrás, quando o estouro da bolha maldita ainda assustava qualquer venture capitalist..., enfim.

Por isso que Zanforlin faz questão de dizer que o Scribd, um irmão gringo do NeoReader, veio depois da sua idéia. “Lá nos Estados Unidos, é mais fácil conseguir investimentos”, defende-se. E temos de concordar com o publicitário, que resolveu investir o dinheiro da própria agência para colocar o projeto em prática.

Com vocês, o NeoReaderO usuário se cadastra e pode fazer upload de qualquer documento nos formatos .doc, .xls, .ppt e .pdf. Outros cadastrados podem acessar aos documentos, baixar (se forem liberados), comentar, encaminhar etc. Outra possibilidade do NeoReader é a criação de uma biblioteca pessoal. Seus documentos ficam disponíveis apenas para você mesmo.
O mais interessante, no entanto, está para chegar. Até o final do ano, Zanforlin promete que todo o conteúdo escrito do NeoReader estará disponível também em áudio. A empresa adquiriu um software que lê textos em língua portuguesa, uma espécie de fábrica de audio-books. Usuários de smartphones, por exemplo, poderão escutar o conteúdo em vez de ficar navegando naquelas telinhas apertadas.

Money, que é good, nóis have?E o dinheiro? Zanforlin não dá muitas pistas sobre como quer monetizar o site. Hoje, o NeoReader é limpo de anúncios e conta só com uma bela interface repleta de livros, revistas, catálogos etc. Mas o publicitário garante que não usará métodos tradicionais, como banners e popus. Serão anúncios distribuídos de acordo com o conteúdo. Ou seja, enquanto o internauta estiver folheando virtualmente a revista Guitarra, anúncios de amplificadores, cabos elétricos, pedaleiras etc estarão na lateral da tela.

O NeoReader hoje possui 10 funcionários, segundo Zanforlin, boa parte deles é de programadores. “Além da publicidade, a idéia é atrair empresas de venture capital para investir no site. Hoje estamos conversando com algumas e há muito interesse delas em investir numa digital library”, diz o sócio da NeoReader. Assim esperamos, Zanforlin!

fonte: Bruno Ferrari - Infoblogs

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