30.11.08

Revelação

Não acompanho o desespero adolescente daqueles que reivindicam denúncias às instituições cristãs como forma de abrandar uma frustração não assumida. Se de característica menos ortodoxa me distancio dos ditos conservadores, não me aproximo das idéias libertárias que rondam um pietismo fajuto, como se me fizessem acreditar que choram pelos pobres da África tais quais virgens em mosteiros que seguram o sacro terço; irremediavelmente necessitam do oposto, da instituição, para a própria subsistência, visto que o produto da revolução é o descontentamento de fundamentos anteriores.

Por isso, não me é estranho acompanhar esses revolucionários, sequer os afilosofados conservadores convictos, e perceber que anteriormente aos gritos existia a prática do que hoje se condena - os traumas, portanto, são os alicerces dessa empreitada. Citar neopentecostais; ora, o que falar de um povo que não conta até três sem a ajuda dos dedos?

Reconheço que desapontei alguns iniciais leitores que procuravam neste blog um espaço de amorosidade incondicional e reflexões libertárias sobre a fé. Talvez o título de alguma forma ajudou nessa presunção.

Não me peçam, assim, para que fale das atuais tendências de movimentos proféticos, porque em nada eles me interessam. A boiada segue o cheiro do pasto. Deixe-os com seus sinos no pescoço; são conhecidos e fedem ao esterco que defecam. Inertes apenas alimentam a si próprios, como um câncer destruidor que já se conhece em estado terminal.

É o que lhes digo, leitores. Também indico a leitura de A Vida do Espírito, de Hannah Arendt. A fé toma muitas formas nas mãos de magníficos escritores.

Filipe Liepkan, no blog O Templo Felpo.

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