A cantora sul-africana Miriam Makeba, conhecida no mundo como "Mama África", morreu na madrugada desta segunda-feira, 10, após um show no sul da Itália, informou o hospital em que ela estava. Um funcionário da privada Clínica Pineta Grande, na localidade de Castel Volturno, afirmou que a cantora morreu logo após dar entrada no hospital. Aos 76 anos, a artista era um símbolo internacional contra a segregação racial e tinha entre seus sucessos a música Pata Pata. Ela morreu seguindo suas convicções, após fazer um show em homenagem a um escritor italiano que vem sofrendo ameaças da máfia.
Segundo a agência de notícias Ansa, ela sofreu um ataque cardíaco após encerrar um show em homenagem ao escritor e jornalista italiano Roberto Saviano ameaçado de morte pela máfia napolitana. Ele é o autor de Gomorra, best-seller que trata da brutalidade da máfia napolitana, conhecida como Camorra. Após vender 1,2 milhão de exemplares e ser traduzido para 42 idiomas, o livro foi transformado em filme, pelo diretor Matteo Garrone, premiado no Festival de Cannes e indicado como o representante italiano no Oscar. O filme foi exibido recentemente na Mostra de Cinema de São Paulo.
Miriam Makeba, também chamada "A imperatriz da canção africana", saiu da África do Sul em 1959, quando ainda vigorava no país o regime segregacionista do apartheid. Ela tentou voltar em 1960, para o funeral da mãe, porém seu passaporte foi revogado e sua entrada, negada. Ela viveu no exílio durante 31 anos nos Estados Unidos, na França, em Guiné e na Bélgica, até seu emocionante regresso a Johannesburgo, em 1990. Na época muitos sul-africanos exilados voltaram ao país, em meio às reformas do então presidente F. W. De Klerk. "Nunca compreendi por quê não podia vir ao meu país", disse a cantora ao retornar. "Nunca cometi crime algum."
O convite para retornar foi feito por Nelson Mandela, que depois viria a ser presidente do país, entre 1994 e 1999. "Foi como renascer", relembrou Miriam depois.
fonte: Agência Estado e Associated Press
19.11.08
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