6.12.08

Amor

Love is not blind; it is an extra eye,
which shows us what is most worthy of regard.
(James Matthew Barrie, escritor inglês)

Destruímos o amor quando o adjetivamos.

O amor, essa força que move o homem em direção ao bem, que a romancista inglesa Jane Austen apropriadamente dizia ser, "para a natureza moral, exatamente o que o sol é para a terra", jamais necessitou qualificações. Ele é meramente o sentimento de querer o bem do outro, sem nada esperar em troca. Se aguardamos uma recompensa qualquer pelo amor que trazemos, não é amor; se vemos no outro apenas um desejo nosso de posse, uma projeção de nosso próprio eu ou mesmo um desejo nosso, imenso, de que ele sofra mudanças que possam se adequar às nossas necessidades, não é amor o que sentimos.

Se damos à palavra amor adjetivos tantos, como fraternal, filial ou maternal, é porque tememos ainda o julgamento dos outros homens ou simplesmente não sabemos ainda como lidar com esse poder transformador do amor. Qualificamos o amor para não sermos confundidos, já que a palavra amor foi erroneamente unida a outros conceitos como matrimônio, compromisso, sexo, fraqueza, paixão e posse. E nesse mundo em que, lembrando os versos de Fernando Pessoa, todos querem ser campeões em tudo, dizer de seu amor por outra pessoa é mostrar-se fraco, dependente ou tolamente piegas. Tudo isso parece ainda mais grave se a palavra amor surge em nosso vocabulário mental quanto pensamos em um amigo, em alguém com quem jamais imaginamos ou desejamos qualquer tipo de conjunção carnal, pois se tornou impossível, nos dias de hoje, pensar em amor sem troca ou vantagem, sobretudo as de caráter sexual.

Perdemos muito ao qualificar o amor, ao reduzí-lo a esse arremedo de sentimento ao qual hoje associamos essa tão bela palavra. As adjetivações, feitas pelo preconceito e pelo medo mesmo de amar, fizeram com que atribuamos ao amor poderes que ele jamais teve, e esqueçamos do que ele pode, realmente, transformar em nós. E preferimos calar diante da vontade de dizer a um amigo, a um irmão, à pessoa que escolhemos para compartilhar de nossas vidas, à esposa e ao esposo, aos nossos pais e filhos, que temos por eles um amor que nós mesmos não compreendemos.

E há os que defenderam, por tantos anos, a bandeira de que a liberação sexual iria erguer a humanidade... Quando será que lutaremos, enfim, pela liberação amorosa?

Robertson Frizero Barros, no blog Locutório.

2 comentários:

Anônimo disse...

amor é uma escolha. amor não é sentimento, sentimento é paixão gerada por uma emoção.

amor não se senti, se vive.

escolho estar com a mulher com quem casei, estar com minhas filhas, com as pessoas que me fazem bem e também escolho estar com aquelas que a mim não fazem bem algum.

Amor não é sentimento nem mesmo palavra é uma ação.

Anônimo disse...

Uau concordo: em gênero, número e grau!
Cristina Coelho

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