25.12.08

Noite de Natal

Minha alma te busca intensamente, ó Senhor,
no entanto, se distrai e divaga
em meio a tantas luzes, tantas comidas, tantos presentes.
Meu coração te louva, ó Filho de Deus,
no entanto se dispersa e se excita
em meio a tantos ruídos, tantos cartões, tantos telefonemas.

Meu corpo quer espairecer e relaxar diante da manjedoura,
no entanto se agita e se estressa
em meio a tantas urgências e correrias de última hora.
Meu ser te busca, quer a tua presença e a tua intimidade,
no entanto te encontro para te perder.

Diante de ti, minha lógica racional humana desvanece,
quanto mais perto de ti, mais longe de ti,
quanto mais te conheço, mais te percebo como mistério insondável.
E assim vivo na saudade de ti.

O Natal se aproxima e te sinto tão distante,
Não te encontro nas vitrines decoradas,
na cidade iluminada,
para não falar do transito lento e irritante,
das tantas contas para pagar,
da saudade dos queridos
e de tantos compromissos.

Tu não pareces estar tampouco no frenesi das festas de fim de ano,
ou nos meus sentimentos de culpa e impotência face a tanta injustiça:
o rosto sujo da criança que me para no sinal de transito,
os mendigos tomando cachaça na praça.

O natal se aproxima e minha alma te busca intensamente, ó Senhor,
meu coração te louva e
meu corpo quer espairecer e relaxar diante da manjedoura.
Num estábulo, tu és recém nascido, paradoxalmente Deus frágil,
quando tu te mostras gentilmente, simplesmente
plenitude de Deus, Emanuel Deus conosco, tão próximo de nós.

Tu és o Deus encarnado, no tempo do Natal, no espaço da manjedoura.
Já é meia noite, estou com minha família, fogos espocam no ar,
Há dois milênios anos atrás tu nascias,
tu entravas na história humana,
cheio de graça como unigênito do Pai.

Natal ...
Tu te revelas como por uma pequena fresta,
e esta tênue lâmina de luz
já basta para me aquecer e me iluminar.

Já não te busco, já não me distraio, nem divago.
Tampouco me agito ou me estresso.
Já não te espero, já não te louvo. Simplesmente sou,
simplesmente estou quieto e sereno
diante do mistério da tua encarnação.

Osmar Ludovico da Silva
colaboração: Judith Almeida

Um comentário:

Éverton Vidal Azevedo disse...

Lindo mano, muito mesmo.

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