10.3.09

Rir da vida é quadrado

Sabe quando dizem que se você explicar uma piada, ela fica sem graça? Não é culpa minha, mas vou explicar.

Há uns dias o Chico Barney me deu uma sugestão de parodiar os vídeos da promoção Redondo é Rir da Vida. É uma promoção que tem como mote aquele lance de “um dia a gente vai rir disso”, que é o que dizem quando uma história é bizarra hoje, mas amanhã é motivo de piada. Vejam os dois vídeos que convocam o público a participar da campanha:

Vídeo de Rafinha Bastos
Vídeo de Danilo Gentili

Legal, né? Eu deixo você julgar.

A ideia do Chico era que eu contasse piadas sobra alcoolismo. Dei uma distorcida no conceito e resolvi fazer só histórias trágicas contadas como se fossem super engraçadas. Sem “punch lines”, só “punchs” mesmo. Escrevi o roteiro e gravei no dia seguinte, dirigido por Erik Gustavo. Eu tava muito animado sobre o projeto.

Logo já estava na Internet. Blogs divulgaram, entusiasmados com a idéia. A coisa correu ferozmente no Twitter. Todo mundo riu.

Até a manhã de segunda, quando chegou um e-mail muito legal nas nossas caixas de entrada: um pedido gentil para tirarmos o vídeo do ar. Alegam que usamos indevidamente a marca Skol e o site da campanha. Obedecemos e deletamos.

Não tenho nada contra os comediantes nem contra a Skol. Já vi o programa e shows de ambos - gosto do stand-up do Danilo e já convidei o Rafinha para participar de um programa meu. Bebo Skol desde, let’s say, 18 anos. Fiz uma piada com uma campanha que é tola. As piadas são sem graça, a idéia é idiota. Pegaram o espírito livre, pegaram a arte que pratico e defendo (stand up) e fizeram aquilo que os publicitários fazem como ninguém: transformam algo “legal e jovem” em algo sem personalidade e chato.

Já dizia o Frank Jorge: se tu não aguentas o calor, por que ficas na cozinha? Fez campanha que abre espaço para interagirem e só aceita se interagirem do SEU JEITO? Isso não é legal, nem jovem.

Eis aqui uma nova versão do vídeo, CENSURADA, sem QUALQUER MENÇÃO à Skol ou sua promoção. A coisa perde um pouco da graça, porque a semelhança de visual com o original dava um tom único, especial - é assim que eu valorizo comédia. Mas a culpa não é minha. Eu trago a graça, vem o homem grande e tira. Se eu tiro a graça da mão dele e dou para vocês de novo, irmão, ele me tira a graça, as calças e os 16 reais que eu tenho na minha carteira.


trecho de post do Ronald Rios no blog Badalhoca.

Um comentário:

Pavinatto disse...

ADOREI SEU BLOG!

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