"Sabe-se que vários problemas de saúde podem ser provocados e/ou mesmo determinados pelo processo/organização de trabalho ou pela nocividade presente nos ambientes laborais.
Apesar destas constatações, no Brasil, as questões relativas à saúde dos trabalhadores parecem ainda ser pouco valorizadas, tanto por parte dos trabalhadores, quanto por parte dos profissionais de saúde. Nos serviços de saúde, esta realidade não é difícil de ser observada: em geral, percebe-se que existe desconhecimento ou desinteresse, por parte destas pessoas, quanto aos aspectos de sua própria higidez, relacionados ao trabalho que realizam. Em relação aos pacientes que procuram atendimento, a problemática é mantida, ou seja, perguntas relacionadas aos seus trabalhos, em geral, estão contidas apenas em seus dados de identificação, sem que a partir daí sejam feitas relações entre a atividade laboral que executam e a queixa ou quadro clínico apresentado.
Nos hospitais, quando se analisa os prontuários de clientes internados, observa-se que há poucos registros com ênfase na ocupação, enquanto possível influenciadora ou determinante das enfermidades apresentadas.
...Quanto às donas de casa, apropriando-se da expressão utilizada por SENNA et al. (1994), são consideradas desocupadas legalmente:
"Criar filhos para repor a mão de obra futura, cuidar da higiene da casa, zelar pela saúde e educação dos filhos, pelo bem estar do marido a fim de que esteja hígido, sadio, para executar as funções de chefe do lar, não é considerado trabalho" (SENNA et al., 1994).
Extraído do trabalho acadêmico "Alterações neurológicas e suas possíveis relações com o trabalho atual e/ou anterior de seus portadores" apresentado no 25th International Congress on Occupational Health, ocorrido de 15 a 20 de setembro de 1996, em Estocolmo, Suécia.
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