Em 2008, a propaganda do governo Lula chegou a 5.297 veículos de comunicação, apontando crescimento de 961% em relação aos 499 que recebiam verba para divulgar o Governo em 2003.
A diversificação alcançada pela presidência é incomum ao registrado por empresas privadas. De acordo com o Ibope Monitor, no ano passado, por exemplo, a Fiat anunciou em 206 mídias diferentes e o Itáu [sic] em 176. Segundo informações da Folha de S.Paulo, o Palácio do Planalto usa a regionalização como estratégia, ao contrário de seus antecessores.
Nos últimos meses, com a disseminação de comerciais no interior do país, a popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva cresceu. O valor total gasto com publicidade não aumentou, mas os maiores veículos do Brasil estão recebendo menos e com isso, mídias menores, do interior, ganharam.
"O fato de ter ampliado a presença do presidente na mídia regional pode ter ajudado [a elevar a popularidade do governo]", admite Ottoni Fernandes, subchefe-executivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, que está sob o comando do ministro-chefe da Secom, Franklin Martins, em declaração à Folha.
Anualmente, desde 2003, o governo Lula gasta cerca de R$ 100 milhões com peças feitas pelas agências que trabalham para a presidência. No início do mandato, a publicidade petista chegava a 270 rádios e 21 TVs, já no fim de 2007, esse número saltou para 2.597 e 297, respectivamente.
As ações do Planalto não tratam de utilidade pública, e sim, de assuntos político-administrativos, como o programa "Minha Casa, Minha Vida" e lista de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Com a regionalização, o número de municípios que recebem peças publicitárias da Presidência também cresceu, cerca de 531%. Em 2003 eram 182 e agora são 1.149.
Em maio, o governo Lula divulgou números oficiais sobre publicidade entre 2003 e 2008. O gasto estava em R$ 6,3 bilhões. Além disso, valores destinados à jornais impressos, TVs e rádios foram detalhados.
fonte: Adnews
com boa parte dos veículos enfrentando crise braba, a publicidade chapa-branca certamente tem um devastador efeito na independência editorial que ao menos deveria existir.
Um comentário:
Discordo bastante que a estratégia de investimento em publicidade desestimule a mídia independente, acho que muito pelo contrário. Vou colar aqui um trecho de uma notícia do Observatório de Imprensa:
LEITURAS DA FOLHA (Observatório da Imprensa)
A propaganda oficial e a voz do dono
Por Luiz Antonio Magalhães em 2/6/2009
A Folha de S. Paulo publicou no domingo (31/05) uma matéria muito interessante do repórter e colunista Fernando Rodrigues sobre os gastos da propaganda do governo Lula. O que a Folha vê como ponto negativo na política do atual governo este observador avalia ser a melhor novidade dos últimos anos no setor.
A questão é simples: segundo a Folha, com praticamente o mesmo recurso utilizado na gestão anterior, considerando a correção monetária, o governo Lula anunciou em mais de 5 mil veículos de comunicação. Durante o governo de Fernando Henrique, eram apenas 500 os beneficiados.
A matéria da Folha sustenta que essa prática não é condizente com as regras de mercado e cita exemplos da Fiat e Itaú, que publicam anúncios de alcance nacional em menos de 200 veículos. De fato, o governo Lula não obedece às regras de mercado e esta é a melhor notícia que se pode ter na área da distribuição das verbas públicas para publicidade em veículos privados de comunicação.
Sim, porque com a maior distribuição dos recursos de propaganda, na prática o governo fomenta a democratização dos meios de comunicação. Antes, só os grandões levavam o meu, o seu, o nosso dinheirinho, impedindo o crescimento de outras publicações. Agora, jornais regionais e pequenos também levam e podem se tornar competitivos, o que é ótimo para a sociedade de várias formas: dinamiza o mercado de trabalho do setor, possibilita que diferentes vozes tenham meios de expressar suas ideias, enfim, é tudo de bom.
A voz do dono
Dois excelentes colunistas da Folha de S. Paulo – um dos quais o próprio autor da matéria publicada domingo – perderam na segunda-feira (1/6) a chance de ficarem calados. Defenderam a destinação dos recursos oficiais para propaganda apenas aos grandes veículos de comunicação.
O texto de Fernando de Barros Silva, em especial, cairia perfeitamente bem na assinatura do patrão Otavio Frias Filho. Já o de autoria de Fernando Rodrigues é uma análise interessante, mas derrapa nas últimas linhas. Ambos vão reproduzidos ao final desta nota.
A questão, como já se viu acima, é muito simples – simplíssima, aliás –, mas vale repeti-la. Se Lula gasta a mesma verba que FHC gastava com publicidade, poderia fazer duas coisas: manter o padrão de gastos do governo anterior, que privilegiava os grandes meios de comunicação, ou diminuir o quinhão dos grandes e distribuir a verba entre os pequenos.
O governo optou pela segunda forma de distribuir verba e é acusado pelos colunistas da Folha de estar comprando a simpatia dos proprietários de pequenas rádios, jornais e revistas. Ora, se o governo não pode distribuir a verba, resta então a outra hipótese: manter o padrão de distribuição da gestão anterior, na qual praticamente só os grandes veículos tinham acesso aos recursos da publicidade oficial.
Ou seja, os dois Fernandos – mais o Barros e Silva e menos Rodrigues – no fundo defendem mais um capilé para a Folha de S.Paulo e nada para o Diário de Cabrobó do Mato Dentro. Justo? Talvez, mas a verdade é que seria muito mais elegante se o próprio Otavio Frias Filho defendesse a tese, em artigo assinado ou em editorial. Quando jornalistas decidem ser mais realistas que o rei, em geral o vexame é grande.
(Mais aqui)
Abraços,
Victor
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