Eu tinha um sonho: ser capaz de acompanhar os pobres, o excluído, o ignorado, sem ter necessidade de explicar-me ou justificar-me aos ricos, aos que estão seguros e confortáveis. Ser capaz de ir onde a aflição me chama sem ter necessidade de dar aviso prévio. Ser capaz de mostrar a minha indignação com o abandono, a injustiça, a violência, a venda de armas e a fome causada pelas guerras sem ser considerado um intrometido na política. Sonhei com ser capaz de viver a minha fé dentro da igreja, mas também na sociedade, no meu tempo e com os meus recursos. Sonhei com a liberdade de pensar e exprimir-me, discutir e criticar, sem medo da guilhotina. Sonhei com o ser diferente dentro da unidade da fé, e continuar sendo eu mesmo, solitário, mas ainda solidário com outros. Esperei, enfim, ser capaz de proclamar um Evangelho da liberdade sem ser marginalizado.”
— Jacques Gaillot, em seu livro Voz do Deserto
NOTAS:
1) Jacques Gaillot, é um bispo francês deposto pela hierarquia católica, no ano de 1995, em virtude de sua defesa em prol dos Direitos Humanos. Depois de deixar o Paço Episcopal, o Bispo Gaillot imediatamente mudou-se para a infame Rue Du Dragon em Paris, conhecida por ser um gueto de imigrantes ilegais. O Bispo Gaillot continua a defender ativamente os direitos humanos. Ele costuma escrever no regularmente no PARTENIA, a primeira DIOCESE VIRTUAL, criada ainda em 1996.
Leia + sobre ele aqui na WIKIPEDIA.
2) Partenia, no tempo de Santo Agostinho (séc. IV), era uma diocese na Mauritânia, em Setif, nos planaltos da atual Argélia. Pouco se sabe sobre ela: nem data de fundação, nem a sua localização exata. Simplesmente desapareceu sobre as areias. No ano de 484 d.C, Hunéric, rei dos Vândalos, invadiu o país e convocou os bispos ao seu palácio em Cartago. Rogatus, bispo de Partenia, foi perseguido e exilado.
Como Partenia já não existe, torna-se o símbolo de todos aqueles que, na sociedade como na Igreja, têm o sentimento de não existir. É uma extensa diocese sem fronteiras onde o sol nunca se põe.
5.8.09
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