Num dos capítulos finais de O mundo assombrado pelos demônios, Carl Sagan mostra como nossa sociedade desestimula a curiosidade das crianças, impedindo que no futuro elas se interessem pela carreira científica. Bom, eu ainda não tenho filhos, mas quando tiver eu certamente ficaria muito orgulhoso caso eles resolvessem se tornar cientistas (o que não significa que eu vá direcionar alguma coisa!). Mas não sei até que ponto pais religiosos ficam receosos quando os filhos entram na faculdade.
São Josemaría Escrivá falava das pessoas que ao entrar no ensino superior largavam sua religiosidade "como quem deixa o chapéu à porta". Em resumo, a faculdade faz mal à fé dos universitários? E nas áreas de ciência? Ateus militantes dizem que, quanto mais conhecimento científico, menos superstição (a palavra preferida deles para designar a religião). Será verdade?
Quatro pesquisadores da Universidade de Michigan resolveram verificar qual o impacto do ensino superior sobre a religiosidade dos estudantes. Eles publicaram seu estudo na internet (PDF) semana passada e chegaram a conclusões interessantes. Vale a pena mencionar que os pesquisadores escolheram a faculdade porque, para muitos jovens, é a primeira ocasião em que eles se separam dos pais (e de sua influência), tendo contato com novas ideias e grupos. Entre essas ideias estão o cientificismo, a pós-modernidade e o "desenvolvimentismo" (não achei tradução melhor, mas não estou falando da doutrina econômica), que têm impacto sobre as crenças religiosas e serão descritas detalhadamente pelos autores antes da apresentação dos resultados.
Aliás, falando em resultados, parece que o autor do PDF teria feito melhor se colocasse as tabelas e gráficos no lugar certo, em vez de deixar tudo no fim do paper. Bom, me parece que os dados mais significativos estejam na Tabela 2. Lá, nós descobriremos que
• por outro lado, quem realmente faz estrago na cabeça dos universitários são as ciências Humanas e Sociais.
• já quem escolhe os cursos ligados à área de Educação acaba tendo sua religiosidade reforçada.
O que isso indica? Que, daquelas três ideias acima, a pós-modernidade é mais daninha à religiosidade que o cientificismo, e posso ver o motivo – até porque na faculdade tentaram enfiar esse negócio na minha cabeça, mas não deu certo. O cerne da pós-modernidade é o relativismo, a noção de que as verdades absolutas não existem (curiosamente ninguém comenta que a "inexistência de verdades absolutas" é propagandeada como... verdade absoluta). Como a maioria das religiões alega justamente o contrário, deixar-se convencer por Lyotard e companhia leva ao enfraquecimento da fé. Não surpreende que o Papa Bento XVI tenha feito do combate ao relativismo uma das principais características de seu pontificado. Por outro lado, os autores do estudo inclusive apontam uma certa incompatibilidade entre a pós-modernidade e o cientificismo, que defende a existência de verdades comprováveis empiricamente.
Por que isso acontece? Os autores do estudo tentam dar uma resposta. (...) the type of religiosity that encourages students to switch into the Humanities is the more individualistic importance of religion rather than the measures of support for organized religion (beyond a mild, insignificant positive effect of religious attendance). (p.22) É possível que essa conclusão tenha saído de uma outra etapa do estudo, em que os universitários foram divididos em cinco grupos e cada um respondeu a uma pergunta diferente sobre assuntos como contribuições financeiras às igrejas, a atuação das instituições religiosas, a noção de que tudo melhora quando se deixam os problemas na mão de Deus, e a influência que a religião deveria ter na sociedade.
Em resumo, parece que o bicho-papão não está na ciência. Está é nas faculdades de Humanas, Sociais, Comunicação... e olha que os pesquisadores de Michigan nem chegaram a conhecer as faculdades esquerdizantes de Humanas que temos por aqui!
Marcio Antonio Campos, no Portal RPC.
15 comentários:
Sou estudante de Direito e acho que o fato de estar na faculdade jamais causará danos a minha fé.
Mas no geral, acho que prejudica um pouco sim.
Agnaldo Gomes publicou um post sobre.. A Volta de Estevam e Sônia Hernandes
Como acadêmico em Pedagogia pelo COC, logo de cara me deparei com Sociologia, Filosofia e Psicologia da Educação, todos os professores fizeram questão de deixar DEUS fora de tudo, ALÉM DISSO, o de filosofia até ridicularizou DEUS. Como sou formado na faculdade do Espirito Santo de Deus, vejo todas as matérias, como Davi viu Golias, DE CIMA.
Sou formada em Comunicação e não culpo as faculdades. A pesquisa tem sua razão porque é complicado ter confrontado tudo aquilo que vc aprendeu sobre sua fé. E se vc não tem certeza daquilo em que acredita, com certeza vai balançar!
Mas não é isso que faz mal para a fé. Na realidade, hoje, se ensina mal a Palavra de Deus às crianças. Elas não tem uma fé fundamentada na Bíblia e sim em mil e uma coisas, falácias, mitos, menos na Palavra. Graças a Deus tive pais que me incentivaram a buscar a Deus, que me ensinaram sobre Deus, que responderam minhas questões à luz da Bíblia. E é esse o segredo da coisa.
Ensinar a BÍBLIA, e não revistas, opinião de fulano ou de beltrano - mesmo sendo grandes pastores ou missionários, mas não possuem autoridade maior que a Palavra de Deus! Ensinar a usar a Bíblia.
A preguiça de ler é maior que chega ao ponto de preferir cair na primeira interpretação maluca que aparece.
Tem igreja fazendo voto de informação - os fiéis ficam dias sem ler jornal, assistir qualquer coisa que lhes traga conhecimento. Isso é absurdo! E não há respaldo bíblico.
Ao invés de "tampar a piscina", porque não "ensinam a nadar"? Porque aí vão cair TAMBÉM as artimanhas que são usadas "na carne" para manipular as massas evangélicas.
Jesus já tinha advertido em João 8:32 - conhecereis a verdade e a verdade vos LIBERTARÁ. E a verdade é Jesus!
Se as igrejas pregassem apenas JESUS, ao invés de invenções humanas místicas revestidas de roupagem cristã, não teriam problemas com "o conhecimento".
Daqui tiro três conclusões:
1 – Quem escolhe exatas ou biológicas, já tem sua religiosidade resolvida (e imagino que seja menor do que a média).
2 – Quem vai pra área de humanas acaba descobrindo como o homem é, e perde completamente a fé em um criador.
3 – Quem escolhe pedagogia, com a nossa educação do jeito que está, só com muita fé mesmo pra continuar.
:)
Gente do céu! Tadinho de mim que sou formado pela UBA!
Pastor Afonso!
Que prazer encontr-alo por aqui! Tudo bom contigo?
Continuo esperando sua ajuda me informando onde se encontra aquela passagem "MALDITO AQUELE QUE BEBE E DÁ DE BEBER....." que o sr. mencionou em seu comentário no post A CULPA É DOS CRENTES (http://pavablog.blogspot.com/2009/07/culpa-e-dos-crentes.html.
Espero que o sr. não tenha se esquecido.
Ansioso, no aguardo de sua resposta, agradeço novamente pela atenção que o sr. dispensar a este meu pedido. (A curiosidade está me matando, homem!)
Chicco Sal
Chico Sal, eu respondi siiiiiim ..........esta lá meu filho, olha direito miniiiiinu....... Mas o que mais gostei das postagens dali foi a forma como o Sérgio Pavarini foi exposto...e olha q ele tentou se defender k k k o q é raríssimo de sua parte.
Olá, Pastor Afonso!
Tal qual o Chicco, tbm espero por uma resposta sua, fico feliz que o sr. tenha aparecido.
Responda-nos, por favor, a gente só quer aprender!
Obrigada,
Luiza Ferraz
ôoo chico, o cara respondeu rapá!
vai lá no post e confere.
abçs
Márcio Rocha
Márcio,
Fui, conferi, continuei a conversa por lá.
Abração,
Chicco Sal
Sou mestrando em história e professor de escolas e seminários. Eu já mencionava que as exatas e biológicas não oforecem mais tanto perigo à fé cristã e que a apologética deveria se preocupar com a chamada (n gosto muito do conceito) pós-modernidade.
O texto, que menciona a pesquisa, foi importante para confirmar algo que eu já pensava.
Na universidade, Schopenhauer, Foucault e Derrida são os meus companheiros e inimigos. Na verdade, inimigos íntimos. Mas autores como Certeau e Ricoeur me ajudam a ver que a fé não precisa ser abalada.
Estou começando a conhecer o Heidegger (de ler, pois de citação já conheço kkkk).
Cara, não sei explicar pq, mas minha fé (no sentido de piedade e crença no Deus pessoal está aumentando, apesar dessas leituras). Talvez pq crer não seja um esforço (embora eu tente refletir, como cristão, sobre o q leio), mas um dom de Deus. Acho q dizer que não chegamos "à coisa em si" 100% (pq só conhecemos por meio da linguagem, que é um dos grandes problemas paraa fé. a hermenêutica, que era uma ferramente antes, agora é paradigma usado no relativismo) não significa que conhecemos 0%. Ainda acho q existe certo e errado quando afirmamos algo, embora não seja de maneira positivista.
Olá Pr. Afonso
Se não for pedir muito, o sr. poderia responder novamente? Por favor, coloque a fonte completa, cap. vers.
Agradeço de coração.
Luiza
Pra variar o Pr. Afonsin...tomou doril e sumiu!
eu fiquei preocupado com a afirmação " e olha que os pesquisadores de Michigan nem chegaram a conhecer as faculdades esquerdizantes de Humanas que temos por aqui"!....
Quer dizer que ser de esquerda é ser anticristão e ser de direita é estar mais próximo de Jesus?
Eu sou progressista e cristão, e nunca achei que ser de esquerda fosse um problema, muito menos que ser estudante de humanas desestimulasse a fé no Cristo.
Abraço
Caio
ai meu Deus!! o que vai ser de mim agora?sou estudante de ciência sociais e politica.kkk... entendo que a ciência só me aproxima mais do "criador que a fez", porque o meu Deus não tem nada a ver com o deus medieval e manipulador da religião do catolicismo.dou toda a razão aos meu professores quando dizem que deus não existe, esse deus não existe mesmo!o meu Deus vive,é o Deus do amor e da graça!pena que muitas vertentes que se dizem evangélicas praticam quase as mesmas coisas dessa religião inventada pelos homens pra controlar a sociedade,usurpando das idéias de cristo pra criar o catolismo e sufocar as pessoas.
cristianismo não é religião e sim um estilo especial de viver e de se relacionar com Deus, consigo mesmo e com seu próximo.
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