2.8.09

O fundamentalismo cristão

O artigo do jornalista Juca Kfouri, publicado na última quarta-feira, 29/7, falando a respeito da interferência de religiões no futebol, está provocando a maior discussão no esporte e nos jornais.

Basta darmos uma olhada no “Painel do Leitor” de hoje, na Folha, para percebê-lo ocupado por 50% de opiniões (a favor ou contra) a respeito da matéria de Juca.

O uso do futebol como meio para o proselitismo religioso é um grave erro e vem provocando preocupações à FIFA.

É sempre difícil tocar neste assunto, especialmente porque grupos evangélicos entendem que a principal missão do homem é dar testemunho de sua religião. Veem, assim, como normal que uma pessoa em qualquer ponto ou situação externe seu sentimento, glorificando a Deus, que, em sua concepção, é sempre bom, generoso e vai salvar o mundo.

Ora, desconhecem os extremistas que o mundo não é todo cristão e existem inúmeros credos voltados a outros conceitos de Deus (bom ou não), e que milhões de pessoas professam outras crenças. Acrescente-se que uma parcela significativa não acredita em religião alguma. Mas o que não sabem mesmo esses fundamentalistas é que, ao longo da história, as religiões, quase todas elas, produziram guerra, morte e desentendimento. Bastaria conhecerem um pouco mais do que um versículo da Bíblia para saberem que o Cristianismo é uma religião minoritária e que já foi esteio para todo tipo de controvérsia, agressões e até mortes, como também o foram outras religiões.

É o desconhecimento da história das religiões no mundo, como também dos conflitos que produziram, a razão pela qual a FIFA não quer no futebol essa invasão de fanatismo, seja ele cristão ou não. Isto poderia desencadear reações de outras crenças, algumas delas com mais adeptos de que o cristianismo e todas as suas vertentes, mas igualmentes dados a combater ímpios e infiéis.

O melhor que faz o esporte é ficar fora disso, respeitando as convicções de cada um, sejam católicos, muçulmanos, budistas, espíritas, do candomblé ou ateus.

É o respeito que cada um deve ter ao outro, baseados no fato de que não há um conceito apenas um Deus na humanidade, e que todos podem conviver sem um “lançando o outro no fogo do inferno”; é isto que faz progredir o mundo.

Age bem a FIFA ao não permitir que o futebol se transforme numa disputa religiosa.

Quanto aos atletas brasileiros, especialmente os que estão ricos na Europa, melhor fariam se fossem se instruir mais sobre um assunto que pouco dominam.

Roque Citadini
dica do Rogério da Silva Moreira

Um comentário:

Anônimo disse...

Quem treina é o atleta, quem joga é o atleta, quem se esforça é o atleta. O atleta pode comemorar e atribuir o sucesso dele ao deus que ele quiser e der na telha (inclusive deus nenhum se for o caso).

Terceiros podem até não concordar e não gostar. Mas ninguém pode se julgar no direito de cercear a liberdade da pessoa extravasar sua alegria do jeito que ela bem preferir.

Atitudes provocativas existem em muitas partes mas no Brasil, graças a Deus (ou não), são raras. E embora essa seja a desculpa não é a elas que se refere o Juca Kfouri (jornalista que eu admiro, apesar da bola fora que ele está dando).

Jesus é meu Deus. Se dizer isso em público ofende alguém, me desculpe, não é minha intenção, mas é só a verdade, Jesus é mesmo o meu Deus. A Ele eu atribuo tudo na minha vida. O que tem de ofensivo eu declarar isso?

Enquanto for meu direito externar isso quero fazê-lo. E claro, não quero que outros tenham o seu direito retirado por mera questão de gosto pessoal de poucos.

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