A 'guerra santa' entre evangélicos e umbandistas causada pela leitura em sala de aula do livro Lendas de Exu, de Adilson Martins, está longe do fim. Medida cautelar na 2ª Vara de Fazenda Pública exige perícia no currículo das escolas públicas e privadas do Estado do Rio para saber como a disciplina História e Cultura Afro-Brasileira, obrigatória nas redes de ensino desde 2003, está sendo aplicada.
O DiaQuatro ONGs do movimento negro impetraram a ação, há um ano e quatro meses, por desconfiar que os colégios desrespeitam a Lei 10.690/03, que incluiu a matéria no currículo escolar oficial. O Centro de Articulação de Populações Marginalizadas e a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa estimam que menos de 50% das escolas no Estado do Rio seguem a determinação.
A discussão sobre a inclusão da disciplina voltou depois que a professora Maria Cristina Marques usou o livro Lendas de Exu com alunos do 7º ano da Escola Municipal Pedro Adami, em Macaé. A leitura provocou desentendimento com os diretores da escola Mery Lice da Silva Oliveira e Sebastião Carlos Menezes. Segundo a professora, ela foi impedida de dar aula.
Os vereadores Luís Sérgio (PMDB) e Ronaldo Gomes (PT do B) repudiaram, ontem, a atitude dos diretores no plenário da Câmara de Macaé. Hoje, eles se encontram com a secretária municipal de Educação, Marilene Garcia.
"Quando a cultura afro-brasileira invadir as escolas, nós teremos a redescoberta da República Brasileira, encontrando personagens que sequer foram citados em livros e não tiveram suas histórias contadas", analisou Humberto Adami, ouvidor do Ministério da Igualdade Racial e ex-presidente da ONG Instituto Iara, uma das que impetraram a ação.
"Intolerância religiosa é inaceitável! Não vamos manter esta postura em nossas escolas", comentou a secretária municipal de Educação do Rio, Cláudia Costin. Sua pasta informou que as 1.063 escolas da rede carioca são orientadas a abordar História e Cultura Afro-Brasileira nas aulas de História, Língua Portuguesa e Artes.
fonte: Terra
dica do Jarbas Aragão
Interessante como o tipo de fé em voga atualmente no meio dos evangélicos parece necessitar de uma redoma p/ se manter viva. Darwin é perigoso, estudar a cultura afro traz riscos e até mesmo a faculdade faz mal para a fé.
Para muitos, a solução é manter a galera ocupada c/ uma agenda infindável de eventos e atividades. Sem tempo p/ ser alvo de questionamento, a fé parece ganhar sobrevida. Sem resistir ao trocadilho, uma fé de menos.
7 comentários:
olha só uma exceção pra lá de interessante. acabei de receber:
Igreja Betesda comemora Dia da Consciência Negra
Há quatro anos, a Igreja Betesda de Roraima celebra o Dia da Consciência Negra, como forma de resgatar a beleza e a arte da cultura negra. Apesar de a data ser comemorada em 20 de novembro, a igreja vai celebrar neste domingo, 1º, no Palácio da Cultura, a partir das 19h.
Será uma festa com comidas típicas, dança, muita musica, capoeira e ao som de muitos tambores.
fonte: Roraima em Foco
http://www.roraimaemfoco.com/colunistas/variedades-mainmenu-48/11229-igreja-betesda-comemora-dia-da-consciencia-negra.html
É uma situação muito delicada.
Uma coisa é dar o devido valor à História e Cultura Afro-Brasileira, atitude corretíssima, como bem disse o Pava no seu comentário sobre nossa amada igreja Betesda, que sempre sai na frente...
Outra coisa, totalmente fora do contexto, é fazer com que alunos das mais diversas religiões tenham que ler um livro sobre uma divindade pagã.
Que saia justa! Faltou bom senso à esta professora, tentando enfiar a fé dela goela abaixo. Se manifestar contra soa como preconceito... e agora?
Ela poderia ter focado toda a rica cultura afro, e não uma religião específica...
O cristianismo não precisa de nada disso. Quem precisa são os intolerantes. Que se assumam e deixem o cristianismo em paz.
Cresci, incentivado por minha mãe Helena, lendo fábulas, contos, estórias de terror, super=heróis e, principalmente, lendo a minha Bíblia...
Nem por isso cresci cristão e minha conversão aconteceu já em minha juventude e acabei vocacionado para a área pastoral na qual me empenho para mentorear e fazer coaching para jovens e adolescentes preparando-os para a vida.
Faz 38 anos que estou no Caminho e 33 que sirvo no ministério. Tenho para mim que o maior problema não é ler qualquer um desses livros e materiais mas, antes, a falta de uma mente crítica dos leitores. E por que não têm mente crítica? Por que ficam enredados em 'fábulas de velhinhas' e outros quetais programáticos filosófico-carnavalescos dentro dos arraiais evangélicos.
Muitas vezes os pastores querem que o rebanho viva a perfeição celestial aqui nesta terra de imperfeição, esquecem-se de que somos cidadãos dos céus contudo vivemos expatriados, como peregrinos, nesta Terra. Devíamos nos lembrar e praticar mais a oração sacerdotal de Jesus (João 17)
Por favor não deixem de ler o que puderem ler, leiam também suas bíblias, leiam com paixão para aprender a ter compaixão também.
Não somos chamados para ter medo e nem receios, mas caminharmos em paz com todos os homens, ser luz, ser sal.
Ao ler um livro como este certamente você estará criando a oportunidade para que professores e amigos se sintam motivados também a ler a própria bíblia.
Não sei qual é pior - ler o livro das estórias do Exú ou estudar na UNIBAN!
Sempre que surgem comentários polêmicos como esses, o que percebo no movimento evangélico é que faltam argumentos "extra bíblicos".
Se as críticas fossem feitas para preservar o estado laico, etc, etc, não soaria como preconceito.
Acontece que, uma vez que se defende tanto, direta e indiretamente, a participação evangélica em questões estatais, que atingem a todos, as críticas atuais mais do que preconceito parecem hipocresia.
Dúvido que alguma igreja ficaria contrariada caso a doutrina evangélica passasse a ser disciplina escolar, rs.
Judith, cristianismo e intolerância são sinonimos históricos. O evangelho é quem não precisa disso, posto que ele não é religião, é a Verdade...
Postar um comentário