A porta invisível no meio de uma floresta de encantos ímpares
A Tífon e Equidna.
É uma porta de seda, fina e macia, com gárgulas, protectoras do desconhecido, da cidade que esconde os seres que por detrás dela vivem, num mundo desigual, de encantos e beleza infinitos.
Porta que só de noite ganha vida.
É na noite que todos os sentidos se libertam das correntes do pensamento, é na noite, fria e distante: filha do húmus que todos os desejos aparecem com a indigência do Sentir, por isso, pelas forças que a noite guarda em si, nunca o Ser humano pode ser inteiramente livre, com a noite chegam os desejos, tentações e quimeras.
Chamam-te a ti, homem, filho de um deus menor, as forças maiores: trevas, as primas da Lua. Chamam-te para o ventre da floresta, como uma mãe chama um filho perdido ou abandonado sem querer. E tu escondes a tua nudez ao vulgo olhar. Saibas a tua nudez: transparência, sacrário do Ser valorizar. Sempre. Só assim te libertarás do medo: prisão invisível na qual és o prisioneiro e simultaneamente o carcereiro.
Mas, só Equidna te torna visível, só ela te oferece vida: Sentir. A porta esteve sempre aberta, só esta mulher — serpente, quimera, sente a invisibilidade da mesma e só ela a pode abrir e ao teu Ser unir o Sentir.
Há muitos anos atrás estes semi-anjos, as gárgulas, podiam voar ou planar, mas desde que os desejos se corromperam e distanciaram da sinceridade, coragem e esperança (virtudes necessárias à pesquisa da verdade: resolução dos enigmas que a vida enceta), a cada instante que passa pelas mãos do tirano Tempo, os voos foram proibidos, deixaram as gárgulas de voar: têm asas que ornamentam apenas. Asas invisíveis de Sentir, esculturas de pedra: cárcere das cáries da Alma, pecados.
Fonte:Papoila Sonhadora
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