14.2.10

Rockstar das Emoções

Como vive o ex-surfista que se tornou o guru espiritual dos adolescentes deprimidos dos Estados Unidos

Só passa um pouco do meio-dia em Atlanta, onde o festival Warped Tour está a todo vapor. Jamie Tworkowski já abraçou 79 pessoas, posou para 56 fotos, deu 42 autógrafos, enxugou as lágrimas de 13 meninas (e de dois meninos adolescentes) e ouviu as palavras "Você salvou a minha vida" pelo menos uma dúzia de vezes. Ele viu frases de sua autoria tatuadas em peitos e pernas, segurou a mão de uma mulher enquanto ela chorava pelo filho morto e compartilhou sua raspadinha de cereja com um desconhecido que afirma querer ser igualzinho a ele. Tworkowski, um surfista de 29 anos que largou a faculdade, transformou-se em uma espécie de guru para toda uma geração de adolescentes perturbados, como mentor de um movimento acidental - isso se você acreditar em acidentes, o que não é o caso de Jamie.

A mensagem de salvador dele não tem assim nada de novo - toca na sensibilidade, traz um toque de cristianismo, vem misturada com empatia poderosíssima -, mas a maneira como é transmitida é radicalmente diferente da ideia melosa de sentir a dor do outro, tão comum com os adeptos da autoajuda. Ele é tão sincero que chega a desarmar, tem aquela beleza típica de surfista e tão genuíno que consegue transformar o anarquista mais preconceituoso e incrédulo em um suplicante chorão.

A organização que ele fundou há três anos, To Write Love on Her Arms (TWLOHA - "para escrever amor nos braços dela") já se gaba de ter a maior audiência entre as ONGs presentes no MySpace, com uma enxurrada de mais de 100 mil mensagens - muitas delas, cartas de suicidas - de garotos e garotas em mais de 100 países. Se você é uma pessoa solitária com pensamentos violentos ou uma menina gótica que gosta de passar uma gilete pelo braço, é bem provável que os terapeutas e conselheiros que já conversaram com você pareçam só falar besteira. Tworkowski é a única pessoa que vai conseguir dizer alguma coisa que vai fazer diferença - usando o Twitter ou o Facebook ou em um show de rock, ou, se você tiver sorte, com um gesto mais antiquado: um abraço.

"Minha ideia nunca foi abrir uma instituição de caridade", Jamie diz, enquanto bebe água em um intervalo nos autógrafos na tenda da TWLOHA no Warped Tour. "Nem dar início a um movimento. Mas todos nós nos identificamos com a dor. Em um nível simples, o que dizemos é o seguinte: 'Isto faz parte do fato de sermos humanos'."

Quando sobe ao palco, ele parece humilde, tímido, quase retraído. Veste jeans ou short e camisetas de bandas. A cadência dele se parece com a da poesia falada: entrecortada, abafada, hipnótica. Ele é absurdamente bonito - 1,90 metro, olhos pequenos e fundos, lábios carnudos e um ar de androginia nada ameaçador. Na tenda, um fluxo contínuo de meninas e um punhado de meninos fazem fila, à espera de sua vez de desfrutar da companhia de Jamie. Eles saltitam e se agitam, soltam gritinhos de ansiedade. Uma menina de biquíni se inclina para a frente com o peito arrebitado. "Você dá autógrafo em seios?", ela pergunta a ele.

Jamie não se deixa levar por tanta atenção. "Na verdade, o negócio não é comigo", ele diz, enquanto assina o braço da menina. "A garotada só me associa a uma coisa que tem alguma importância para eles. Se você pensar no que está em jogo, é compreensível o fato de as pessoas reagirem como reagem. Parte do que fazemos é acreditar que a nossa história pode ter um final mais feliz."

Allison Glock, na Rolling Stone.
dica do Douglas Negrisolli e do James Prado


enquanto isso, em muitos acampamentos-refúgios das igrejas evangélicas vão enfatizar os perigos do sexo e blablablá.

Um comentário:

SOLDADO DO FOGO disse...

Sou meio lento, mas o que tem demais os acampamentos "refúgios"? Para onde irão? Evangelismo? Meu filho de 11 anos? ... Se com estas palestras sobre os perigos do sexo já aparece menina grávida na igreja imagina se não tivesse.

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