- Aceita o meu pedido?
- É claro, meu amor. Era tudo que eu mais queria.
- Até que a morte nos separe?
- Até que a morte nos separe. E nem a morte vai separar a gente.
- Nada, nunca, somos almas gêmeas.
- Se bem que o Marcelo e a Letícia também eram e…
- Isso nunca vai acontecer com a gente.
- É claro que não.
- Então a gente nem precisa falar de…
- De jeito nenhum.
- É comunhão total e não se fala mais nisso.
- Mas e se…
- Pode ser parcial, para mim não faz diferença.
- Para mim também não.
- Então…
- Parcial.
- Melhor para mim, sempre trabalhei mais do que você.
- Eu não preciso trabalhar. Sou herdeira, querido, esqueceu?
- É claro que eu não esqueci.
- Quer dizer que você fica pensando nisso?
- Eu não disse que eu penso, eu lembro.
- Pior ainda.
- Para de bobagem. Eu não estou nem aí para a fábrica da sua família.
- Nem eu para a sua loja.
- Pois deveria estar. O que é meu, é seu.
- Com todas aquelas dívidas?
- Não são dívidas, são investimentos.
- Se tivesse apostado numa roleta o retorno era mais garantido.
- Se você acha isso, separação total.
- Tudo bem.
- Eu vou ficar milionário e você não vai ver a cor do meu dinheiro.
- Nem você do meu.
- E o apartamento que a gente comprou?
- Esse é nosso.
- Não senhora. Eu paguei mais. Tenho direito a 70%.
- Mas quem pagou a reforma fui eu.
- Trocar privada não é reforma.
- Ah, é? Então você fica com 70% do apartamento e eu com 30% mais as privadas, e na hora de fazer cocô, você aguenta.
- E você não puxa a descarga, porque 70% da parte hidráulica é minha.
- Isso não vai dar certo. Melhor a gente fazer um contrato.
- Esta semana, cada um com seu advogado?
- Confirmo o horário com a sua secretária.
- Combinado. Agora me dá um beijo.
- Claro, amor da minha vida.
- Juntos até que a morte nos separe?
- Até que a morte nos separe. E nem a morte vai separar a gente.
Giovana Madalosso, no Blônicas.
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