27.3.10

Amor em 18 de janeiro de 2010

- Aceita o meu pedido?

- É claro, meu amor. Era tudo que eu mais queria.

- Até que a morte nos separe?

- Até que a morte nos separe. E nem a morte vai separar a gente.

- Nada, nunca, somos almas gêmeas.

- Se bem que o Marcelo e a Letícia também eram e…

- Isso nunca vai acontecer com a gente.

- É claro que não.

- Então a gente nem precisa falar de…

- De jeito nenhum.

- É comunhão total e não se fala mais nisso.

- Mas e se…

- Pode ser parcial, para mim não faz diferença.

- Para mim também não.

- Então…

- Parcial.

- Melhor para mim, sempre trabalhei mais do que você.

- Eu não preciso trabalhar. Sou herdeira, querido, esqueceu?

- É claro que eu não esqueci.

- Quer dizer que você fica pensando nisso?

- Eu não disse que eu penso, eu lembro.

- Pior ainda.

- Para de bobagem. Eu não estou nem aí para a fábrica da sua família.

- Nem eu para a sua loja.

- Pois deveria estar. O que é meu, é seu.

- Com todas aquelas dívidas?

- Não são dívidas, são investimentos.

- Se tivesse apostado numa roleta o retorno era mais garantido.

- Se você acha isso, separação total.

- Tudo bem.

- Eu vou ficar milionário e você não vai ver a cor do meu dinheiro.

- Nem você do meu.

- E o apartamento que a gente comprou?

- Esse é nosso.

- Não senhora. Eu paguei mais. Tenho direito a 70%.

- Mas quem pagou a reforma fui eu.

- Trocar privada não é reforma.

- Ah, é? Então você fica com 70% do apartamento e eu com 30% mais as privadas, e na hora de fazer cocô, você aguenta.

- E você não puxa a descarga, porque 70% da parte hidráulica é minha.

- Isso não vai dar certo. Melhor a gente fazer um contrato.

- Esta semana, cada um com seu advogado?

- Confirmo o horário com a sua secretária.

- Combinado. Agora me dá um beijo.

- Claro, amor da minha vida.

- Juntos até que a morte nos separe?

- Até que a morte nos separe. E nem a morte vai separar a gente.

Giovana Madalosso, no Blônicas.

Nenhum comentário:

Blog Widget by LinkWithin