23.3.10

Os pegadores e as vagabundas

Jovens mulheres têm três vezes mais parceiros sexuais do que tinham suas avós na mesma idade, segundo uma pesquisa com 3 mil moças de até 24 anos na Inglaterra. A pesquisa revelou que elas já tinham feito sexo com, em média, 5,65 homens. Uma em cada dez entrevistadas disse ter ido para a cama com mais de dez parceiros. Assim que os dados foram divulgados no blog Sexpedia, da jornalista Fernanda Colavitti, em epoca.com.br, uma espécie de ódio machista se abateu contra aquelas que muitos chamavam de “vagabundas”. Os comentários raivosos refletem a reação sincera de muitos homens ao encontrar uma mulher livre para exercer seu desejo. No Ocidente, até os anos 70 a virgindade era o tabu. Era vergonhoso para um homem casar com defloradas. O hímen era exibido como troféu. Felizmente, esse tempo passou.

Agora, é como se os machistas usassem a quantidade de parceiros para rotular uma mulher como “direita” ou “fácil”. “Posso ser machista e antiquado, mas mulher que teve mais de cinco parceiros não merece respeito”, diz o comentário do internauta Juliano ao post no Sexpedia. “Não sou preconceituoso, mas me incomodaria casar com uma mulher que muita gente já provou”, afirma Ricardo. “Saudades de quando havia uma distinção entre mulheres corretas e vagabundas”, diz Evandro. “Não quero pegar resto dos outros”, escreve Renato.

É sintomático como essa atitude muda completamente quando entra em jogo o número de parceiras sexuais do homem. Aí, o “garanhão” de antigamente hoje se chama “pegador”. Bom de cama, contribui como macho para a reprodução da espécie, faz pose de experiente e conquista um indisfarçável respeito de seus pares masculinos. Mas a mulher que transa com muitos é logo tachada de “vagabunda”. Qual seria o número mágico de parceiros sexuais que transforma uma jovem normal em promíscua aos olhos machistas? Três, cinco, dez, 20? “O número não importa tanto”, diz o psicanalista Francisco Daudt. “O que mais apavora um homem nessa hora é o fantasma de, sem saber, criar um filho que não seja dele.”

Os homens mais agressivos com as mulheres livres sentem dificuldade de lidar com a ideia de que elas têm desejo sexual próprio. “É como se a virilidade deles fosse transferida para elas”, afirma o psicanalista Contardo Calligaris. São homens capazes de agredir uma mulher por estar de saia curta. A vida sexual deles costuma ser frustrante, limitada e triste.

“Quando eles chamam a mulher de rodada, como um carro de terceira mão, isso não tem a ver com o uso de seu corpo, mas com o medo que ela desperta”, diz Calligaris. “O rapaz pensa: ela sabe fazer sexo melhor que eu. Meu desempenho será comparado ao de outros, mais experientes.” De acordo com a sexóloga Carmita Abdo, “vagabunda é aquela mulher que você quer, mas não te quer”. Aquela que transou com vários não estaria interessada em estabilidade. “Será que eu vou dar conta?”, pensa ele. Como se pudesse controlar a futura dor de uma rejeição ou troca.

Ninguém está sugerindo que é mais feliz quem faz sexo com muita gente, seja homem ou mulher. Mas as moças têm o direito de, caso queiram, experimentar o sexo com responsabilidade e sem culpa. Às vezes, elas próprias mentem. Em epoca.com.br, Luiza fez o seguinte comentário: “Tive de 20 a 25 parceiros e tenho 27 anos. Como sei que a maioria dos homens é machista, sempre digo que tive dois parceiros, o ex e o atual! Muitos homens são bobos. Outros não colocam o número de parceiros como fator determinante do caráter de uma mulher. Esses merecem respeito”.

Os machistas são exceção? Ou a maioria dos adolescentes e adultos de hoje pensa como eles? “Nos últimos anos, os adolescentes se tornaram muito mais caretas”, diz Calligaris. “Essa história de beijar dez ou 20 numa balada parecia ser uma continuação da liberação sexual. Nada disso. É superfície.” Para que insistir em saber quantos parceiros alguém teve no passado? Como diz Daudt, “se soubéssemos em detalhe a vida sexual que cada um leva, e as fantasias de cada um, ninguém ficaria com ninguém”.

Ruth de Aquino, no site da Época.

6 comentários:

VitorGrando disse...

São patéticas as tentativas de explicação dos "psicanalistas" e afins.

Eu sou "desses" que não gostam de mulheres "rodadas". Sou destes caretas. Sou destes taxados de "machistas"... whatever...

Infelizmente, a sexualidade não tem mais o menor valor. Antes, eram apenas os homens que rebaixavam algo tão valoroso, agora as mulheres fazem parte do mesmo time. Triste.

É claro que a virgindade não deve ser atributo exclusivo da mulher - isso sim é machismo.

O homem se quer tanto uma mulher casta, deve ser igualmente casto.

Estou pra ver um homem que não se importa com o passado sexual de uma mulher (talvez o mesmo valha para a mulher). Isso não é doença ou algo assim como tais "Psicanalistas" querem insinuar. É a natureza do ser humano.

É claro que apareceram aqui exemplos de homens que não se importam com tal coisa - desconfio da sinceridade destes.

Leonardo Bucky disse...

Não podemos ter medo de dizer as coisas pelos seus nomes, apesar de toda pressão "politicamente correta" e feminista, mulher promíscua é VAGABUNDA sim! Da mesma forma, todo homem promíscuo é safado, pilantra e nojento! Apesar de que, na vida de um homem, o que decide sua realização é sempre sucesso profissional e sucesso com as mulheres, como diria Luiz Pondé.

Agora, o pior de tudo é a mulherada querendo se igualar ao pior do comportamento masculino. Que pena!

Diogo Bochio disse...

Gente... tudo tem seu propósito de ser!

As vagabas não podem ser tratadas assim, afinal, na seca quem já não catou?? E outra, se vc não está afim de queimar uma candidata a futura mãe de seus filhos mas quer aliviar as tensões hormonais, quem é que te ajuda??

(Essa pergunta é direcionada a pessoas normais, não aos feios, fedidos, esquizofrênicos...)

=)

Maya disse...

Acho louváveis homens que pensem que as mesmas regras devem se aplicar a mulheres e homens indistintamente. Muito bem. Mas me preocupa muito o costume perigoso de rotular pessoas.

Quando um psicanalista afirma qualquer coisa, não é no intuito de dizer que aquilo é certo, errado, deve ser seguido ou deixado de lado. É no intuito de explicar o mecanismo psíquico que nos leva a pensar/agir/sentir isso ou aquilo. Para que acredita em psicanálise, sabemos que nossa mente consciente é como a porção emersa de um iceberg. Tem muito mais coisas acontecendo sob a superfície e nós nem nos damos conta e não podemos controlar. O inconsciente, eu digo, não nossas ações.

Assumir um comportamento agressivo diante de homens e mulheres por sua conduta sexual é exatamente o oposto do que Cristo ensinou. Lembram?

É importante SEMPRE trazer à memória esse tipo de evento para que decidamos sabiamente de que lado estaremos: do lado dos dedos acusadores que o amor de Deus constrange ou do lado do Mestre que ama, acolhe e instrui um novo caminho - em AMOR, não na base do xingamento nem do repúdio.

E pro DiBocchio: ECA! What a mean thing to say! Kkk!

Diogo Bochio disse...

Maya... vc não é a.... oops!!! (ABORT, ABORT, ABORT)

=)

Maya disse...

Sim, DiBocchio, eu sou o alterego feminino do Pavarini. Eu sou a Pavarina! #rialto

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