9.3.10

Uma farsa chamada Brasil

O que os marketeiros não conseguem esconder

Muita propaganda, muito marketing, muita manipulação de estatísticas e manipulação da cabeça do povo, os eleitores. Desde os militares e “esse é o país que vai para frente”, passando por Collor, FHC e o atual “nosso líder”, com o seu “nunca antes nesse país”. Mas, tem coisa que não dá para funcionar como casa-de-fachada dos cenários cinematográficos, ou, lembrando um governador de Estado que, diante de um evento internacional, distribuiu tinta para que as favelas pintadas parecessem menos feias. O que estão fazendo é “pintar” os problemas. A crua realidade não deixa de existir diante do propagado milagre da “sensatez” macroeconômica, que facilita acesso a celular, como os índios que recebiam espelhos e miçangas. Senão vejamos algumas áreas:

1. (Falta de) Segurança Pública. Desde a “Nova República”, entra Presidente e sai Presidente, entra Governador e sai Governador, entra Prefeito e sai Prefeito, de todos os partidos, e a bandidagem solta como nunca. É assalto em qualquer lugar e horário; é sequestro e “sequestro relâmpago”; é roubo, é furto, é arrombamento. As drogas invadiram todos os municípios e classes sociais. Somos um país de amedrontados: ninguém tem coragem nem de sair de casa. Enquanto isso as prisões-masmorras, superlotadas, sem trabalho, misturando novatos com veteranos são escolas de pós-graduação em criminalidade, e as torturas das delegacias apenas agravam a revolta e a reincidência. Há insuficiência de quadros policiais, treinamento deficiente, salários mirrados, e a ausência de uma efetiva política nacional de segurança pública. Já fui assaltado dentro de um ônibus no Rio de Janeiro, e já arrombaram tanto a casa de Olinda quanto a de Paripueira. Nesses três casos, nem o Presidente, nem o Governador, nem o Prefeito eram do PT. O País está entregue aos bandidos. E qual é a proposta dos candidatos a presidente para devolver segurança ao nosso povo? Se você sabe, me comunique;

2. (Falta de) Educação. As vagas para os cursos de Licenciatura estão aí ociosas, porque somente os idiotias vão querer trabalhar sem condições, ser desmoralizados pelos alunos em sala de aula, ser obrigado a aprovar os ignorantes e receber salários indignos. A escola pública é do reino do faz-de-conta, cada vez pior, como sinal de descaso para os filhos dos socialmente “de baixo”, sucateadas, com uma juventude onde o pai se mandou, é alcoólatra, está desempregado, ou perdeu a autoridade no lar, ou ambos os genitores trabalham e ele/ela vive na rua aprendendo o que não presta (o resto da aprendizagem ele/ela complementa com a televisão). E aí se pega o pobre, cuja pobreza não é superada (ou é “promovido” à classe média, porque ganha R$ 1.000,00 reais...), o preto discriminado e o aluno da escola pública semianalfabeto e se joga "por cotas" dentro das universidades, sem que ataque as causas das desigualdades não-naturais, que marcam as regiões, as etnias e as classes sociais nesse país de uma pequena Bélgica e uma grande Índia (Belíndia, como já foi chamado). E o pior é que, nesse darwinismo social, o desemprego está recebendo a maioria de braços abertos depois da colação de grau;

3. (Falta de) Saúde. Você paga seus impostos (e muito) em dia, mas se você não tiver um Plano de Saúde vai para a glória antecipadamente. E mesmo os Planos de Saúde têm aquelas cláusulas contratuais bem pequenininhas que exclui tudo que é mais custoso, e lhe ampara em casos de tosse, unha encravada e verminose... Agora, se você for depender do SUS, com bons profissionais, mas em número insuficiente, sem condições e espaços (uma emergência do Recife é chamada carinhosamente de “campo de concentração"), pode ir orando. Você adoece hoje, consegue uma consulta para daqui a dois meses, e morre no mês seguinte. No interior é onde a coisa pega, pois há Estados da Federação com 90% dos médicos na capital. O Presidente estava inaugurando uma unidade de saúde do SUS em nossa região metropolitana, mas quando ali se sentiu mal, correu para um dos mais luxuosos hospitais privados, que ninguém é de ferro.

Vá pelo interior e suas choupanas de sapé. Vá para as periferias com seus mocambos. Veja o esgoto a céu aberto. Tente rodar por esse país e enfrente as estradas esburacadas ou que é lama só. Conheça os pontos de venda e consumo de drogas, os pedintes e crianças nos cruzamentos. Conheça os desempregados, os escravos da agro-exploração (boias frias ou semboias). Por favor, conheçam o país real. Ou você é seguidor da máxima: “Me engana que eu gosto?”.

Cadê as propostas dos candidatos? Eles vão ficar discutindo o curriboque da parafuseta em economês? Vão ficar na superfície e nas promessas vagas?

Esse é um ano importante para abrirmos a boca e encostar essa gente na parede. Senão continua no mesmo.

Desperta Brasil!

Acorda crentes!

Robinson Cavalcanti, bispo anglicano.

Um comentário:

Chicco Salerno disse...

O SUS (Sistema Único de Saúde)só funcionará a contento quando todos os funcionários públicos e nobres autoridades forem todos, todos mesmo, obrigados a fazer uso dos mararavilhosos serviços prestados. pela rede pública. Enquanto isso não acontecer, o SUS continuará sendo o que realmente é: uma piada

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