São desnutridos
Não só de alimentos, mas também de compaixão.
Seus olhos são cinzentos
Abrigam a desilusão.
Vivem
A morte-desperta que a desgraça contém.
Morrem
A vida-ferida que da felicidade os detém.
Vítimas
Da derrota alheia
Duma decadência que não lhes diz respeito.
Nossos morrentes
São negros, são brancos, são índios, são pardos.
São o futuro sem passado
São o presente não vivenciado.
Há os que vêem o ódio em seus olhos magoados
Mas não se preocupam em tirar-lhes das caras
As medonhas máscaras que pela vida lhes foram colocadas
E ver por trás delas os rostos singelos e singularmente santos daqueles que
Apenas o acaso livrou-os do ocaso de serem os rostos
De seus próprios filhos ou irmãos.
Isa Medeiros, no Um pouco além do óbvio.
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2 comentários:
Legal que tenhas gostado desse poema, Pava. E foi bom tê-lo visto aqui, pois só agora pecebi que havia grafado a palavra "morte" incorretamente, como "morta" no segundo verso da segunda estrofe. Grande abraço. Grato pela consideração.
opa. corrigido, querido! =)
abração
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