9.5.10

Meninos da Vila, semideuses da vez

No Brasil do futebol, só se fala nos meninos da Vila. São os semideuses da vez. Argumenta-se que o país que viu grandes jogadores honrando a seleção canarinho (é melhor nem começar a citar nomes) andava carente de futebol arte desde a Copa do Mundo de 1982.

O Santos de 2010 realmente é um timaço. Está lá a bola no meio do campo, de repente um escorrega feito piaba, dá um chapéu, uma pedalada, lança pro outro, que dá um toque de calcanhar, faz a tabela e sai na cara do gol. Gol por cima, por baixo, pela esquerda, pela direita,um horror para a defesa adversária.

É tudo muito bonito de se ver, mas não é só isso. Os meninos da Vila não respeitam o adversário. Fazem chacota, soltam risinhos histéricos, e, o que é pior, parecem desconhecer que antes deles houve outros até melhores e talvez nem desconfiem que eles não serão os últimos craques da bola.

Porém, é preciso dizer que eles agem mal, mas não erram sozinhos. Parte da mídia especializada tratou de enfiar na cabeça deles que são fantásticos, e olha que ainda são tão novinhos! E foram profissionais do jornalismo esportivo que se encarregaram de desculpar os meninos da Vila pelas muitas atitudes pouco profissionais, dizendo que é coisa de menino, ai que bonitinho.

Ao fazer isso, prestam um desserviço ao país. Nossa população cada vez mais envelhecida começa a sentir o peso dos anos. Em terra de velho, quem nasceu outro dia acha que merece toda bajulação. Será que temos que pedir desculpas por não sermos tão novos, nem tão rápidos, nem tão talentosos quanto eles? Eles que, em uma década e meia, serão chamados de dinossauros, vovôs decadentes, e serão apenas sombras para os meninos da bola que surgirão depois deles, apenas nomes soltos no ar, ou talvez nem tanto.

Isso não é uma praga que rogo. Pelo contrário, é uma triste constatação do caminho que nossa geração está trilhando. O espírito coletivo que endeusa heróis momentâneos e os descarta na temporada seguinte é de uma crueldade sem tamanho. E, é claro, os meninos da Vila são só um exemplo dessa mentalidade que se perpetua há bastante tempo, e não apenas no mundo dos esportes. Mas isso é assunto para outro texto.

Se cada um desses meninos souber viver seu momento com graça e sabedoria, sem ignorar a história nem menosprezar os mais experientes, talvez possam ajudar a destruir este rolo compressor que agora têm alimentado, e talvez se salvem. E eu realmente torço por isso, porque suas vidas certamente valem muito.

É pensando nisso que venho render homenagem a todos os craques do futebol que um dia jogaram por nosso Brasil. Vocês honram para sempre a nossa história. Sem vocês, faltaria um pedaço em nossa alma auriverde. E se algum atleta, por mais novo que seja, não entendeu isso, não deveria servir para herói nacional.

Ana Cristina Gontijo, no Notas de Aprendiz.

4 comentários:

Gil disse...

Infelizmente, a mesma mídia que eleva simples criaturas ao estrelato, em havendo um deslize ou aparecendo alguém com mais "estrelas", cuida de apurrinhar e esculachar o coitado que agora se destaca.
Alguém tem de dizer pra esses meninos não caírem nesse jogo.
Abçs!

Felipe Medeiros disse...

Você esqueceu do boicote. Os três melhores jogadores do santos, negaram uma visita a casa com crianças especiais, pelo motivo que aquelas pessoas seguiam a doutrina espírita. Portanto, toda essa manifestação arrogante é pura ignorância. Muitos não tiveram uma boa instrução e ainda são moleques que precisam tropeçar e errar bastante.

edpaegle disse...

Dizer que os meninos da vila estão jogando um bolão, me aparece óbvio, pois não precisa ser nenhuma "expert"da bola para isso. Mas para cada Neymar ou Ganso, quantos milhares ou milhões de meninos com o mesmo sonho e sem o mesmo talento para o futebol, para onde eles irão???

Dio disse...

Sobre a negativa dos jogadores em visitar a entidade espírita, eu escrevi:

"Me sinto envergonhado, embora não fico surpreso.

Sou morador de Santos - embora não sou torcedor do time - não gosto de futebol, meu gramado são as ondas, surf é minha paixão. Conheço os bastidores do clube por ter amigos no meio jornalístico e conhecer alguns jogadores, membros da comissão técnica. Frequentava o CT do Santos em 2002, quando do sucesso daquele time fantástico que conquistou o Brasileirão em 2002.

Sempre achei que essas "celebridades" - salvo raríssimas excessões - acham "bonito" fazer pose de crente, de bom moço.

É Marcelinho Carioca usando faixa com a inscrição "Jesus" na cabeça, é a imbecialidade de fazer gol e levantar a camiseta ostentando alguma frase gospel (ou outra qualquer) bem na hora em que o patrocinador deveria aparecer - afinal quem paga o salário do time? Não é o patrocinador?

Porque os jogadores não podem ter uma postura como a do Jorginho - grande lateral direito e que hoje faz parte da comissão técnica e auxiliar do Dunga... seguir o exemplo do Edmilson, que cortava cana no interior de SP e nunca, NUNCA, ouvi seu nome em nenhum escândalo - muito pelo contrário: na minha Bíblia, eu marquei o seu nome no Salmo 37:5 (porque me lembro de tê-lo visto testemunhar sobre a sua confiança no Senhor baseado nessa passagem das Escrituras)...

POrque não seguem o exemplo de Jojó de Olivença, Dadá Figueiredo, Jair de Oliveira - grandes surfistas, meus amigos, que são cristãos, e que não envergonham o Evangelho fazendo asneiras...

Eu não sou um bom testemunho, admito. Já fui chamado de bêbado, de rebelde, aqui mesmo nesse blog.
Conheço a Bíblia de trás pra frente, cansei de ganhar gincanas bíblicas e ser conhecido como "estrelinha" dentro da igreja por conta da grande facilidade que sempre tive em manusear as Escrituras... mas como estou afastado... Gente, eu fico na minha.

Não quero posar de crente e servir de pedra de tropeço para ninguém. Para não ter de ouvir - como já ouvi: "O que? Ser crente é ser como o Diógenes? Prefiro continuar ateu e ir para o inferno do que ir para o Céu e encontrar o Diógenes por lá.

Me envergonho disso, tento mudar. Mas poderia posar de crentão e usar isso à meu favor, acumulando até dividendos e status no meio gospel - ao qual tenho nojo e que, definitivamente, não pertenço.

Repito, não sou exemplo pra ninguém... mas também não envergonho ninguém das nossas "fileiras".

Vergonha na cara não me falta. Luto todo dia pra que eu possa ser alguém melhor. Eu preciso da Graça de Cristo mais do que qualquer um que lê esse texto nesse momento.

Confesso que entre ir pra igreja num domingo ou pegar ondas, prefiro um zilhão de vezes pegar ondas.

Mas só eu e Ele sabemos o que se passa no meu coração e, quando eu oro, o que peço à Ele, o que penso sobre a vida, sobre o meu próximo.

As prostitutas me precederão no Reino. Não me engano, nem engano ninguém. Sei disso.

Será que esses meninos sabem? Creio que não. São mal-orientados e vítimas - muitas vezes, de pastores de porta de treino que os esperam avidamente, a fim de os levar para suas - supostas - igrejas - assim recolherem os polpudos 10% pertinentes ao seus bons salários.

Desculpem o desabafo, mas estou de saco cheio dessa patifaria gospel.

Que a Graça e a Misericórdia do Senhor faça morada em nossos corações e principalmente no meu, que é tão carente do Seu Amor.

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