Sociedade anônima (5)

“Combatemos o que sabemos que exerce grande domínio sobre nós.

Quanto mais medo tivermos, mais autoritário e arrogante nos mostraremos.”
Paul Tournier

Recentemente, alguns colunistas do No Mínimo desfi(l)aram suas queixas. Marcelo Tas fez o mesmo no UOL, usando o vetusto ardil de citar estatísticas. “Recusei apenas 0,05% dos comentários”, disse. A tática comprova que a frase do primeiro-ministro britânico Benjamin Disraeli permanece incrivelmente atual: "Há três tipos de mentiras: mentiras, mentiras descabeladas, e estatísticas".

É lídimo o prazer que ocupar este espaço me proporciona. Ao contrário do que muita gente imagina, não se trata de um point que reúne uma tribo de afins. Às vezes ainda me surpreendo com a assiduidade de pessoas que na tosquíssima e nada fidedigna máquina rotuladora cristã seriam classificadas num compartimento diferente do meu. Graças a Deus por isso. Como repetiu uma amiga, “os opostos se distraem e os dispostos se atraem”.

O anonimato tem algumas vantagens comensuráveis. Tenho sido privilegiado com a leitura e comentários de algumas “figurinhas carimbadas” (assino a comunidade Gírias idosas no Orkut). Se elas assinassem a prosaica “merda” que literalmente escreveram, veriam parte de suas ovelhas saírem em tresvariada carreira pelas pradarias da hipocrisia. Livres da “persona”, podem descompromissadamente falar merda ou, se lhes aprouver, jogá-la no ventilador.

Para outras, o anonimato proporciona momentos catárticos singulares. O flórida da questão é que a fatura na maioria das vezes é paga pelo locatário do espaço. Numa versão revisada de Andy Wharol, quinze segundos de atenção são suficientes. A estratégia é parecida com a dos petizes (não confundir com “petistas”) que berram e se jogam no chão quando contrariados. O fato é que esse minifúndio virtual vezenquando recebe alguns projéteis supostamente detentores da capacidade de explodir ao atingir o alvo.

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