15.12.07

Lua quente

Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,

Que obscura claridade se abre entre tuas colunas?
Que antiga noite o homem toca com seus sentidos?

Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:

Amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um só mel derrotados.

Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
Tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia,

Corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.

Pablo Neruda

2 comentários:

luciana disse...

Uaaauu! queimou.

bill.barítono disse...

caliente, caliente....
ele deveria estar extremamente inspirado!

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