Sim, o contexto dessa afirmação é antes de tudo, totalmente judaico-cristão. Não se trata de uma prova do teísmo, mas de uma tentativa de definição da natureza divina, considerando como plano de fundo o cristianismo. Explicado o 'título de efeito' antes que haja maiores desentendimentos, as definições devem ser postas à mesa primeiramente.
Existir segundo entendimento linguístico é estar, subsistir, durar, ou ainda, ser num dado momento. Um termo que causa muita discussão, afinal existir não se limita à definição cartesiana do pensar, se assim fosse teríamos de concordar que tudo o mais que não se encaixa no nosso conceito de racional nada mais são do que meras materializações do mundo intelectual como Platão definiu. Apesar disso, podemos encontrar uma característica do existir com um conceito bem simples e pacificado: aquilo que tem um começo ou um fim.
Gregório de Nissa foi o primeiro a introduzir o pensamento de que Deus é infinito. Uma das características da natureza divina que atualmente parece óbvia, mas que devido à materialização geral de Epicuro - tudo é material, não existe espírito no sentido transcendental da palavra - fez com que não fosse algo tão latente. A base para tal afirmação, dentro do contexto cristão mais uma vez alerto, é advinda das seguintes assertivas que o próprio Deus faz sobre si em Êxodo 3:14: "Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos olhos de Israel: EU SOU me enviou a vós." mais a frente Ele também se define como Eterno, ou seja, aquele que não tem princípio nem fim.
É nesse ponto que o termo existir aplicado a Deus é questionado. Algo que não tem começo ou fim, ou seja, está totalmente fora da nossa definição de quarta dimensão: o tempo, não pode existir, pode simplesmente Ser. Nesse sentido Deus É, simples assim.
Inserir Deus em um contexto temporal, só faz com que a tentativa de descobrimento de sua natureza se esvaia. Deus sendo eterno e infinito faz com que as provas sobre sua 'existência' estejam além da definição de provas que aplicamos para seres materiais. É algo imcompreensível, por exemplo, querer provar a existência do pensamento através de experimentação científica, teremos de apelar para metafísica, do mesmo modo deveria ser no teísmo cristão e no oposto: o ateísmo. Antes de instarmos sobre a existência ou não de algo, devemos observar sua natureza, com isso poderemos avançar na velha discussão travada ao longo da história e que nem sempre trouxe bons resultados para nosso próprio existir em um determinado espaço de tempo.
Raphael Rap, no blog Rapensando.
6.7.08
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