21.7.08

Max responde (22)

Trabalho numa empresa há 15 anos, sempre na mesma função. Alegando que meu salário está muito alto, a empresa me fez uma proposta. Eu seria demitido agora e readmitido daqui a seis meses, como autônomo, mas ganhando 60% do que ganho hoje. Isso não é um desrespeito? – Téo

Moralmente, sim. Matematicamente, não. Vamos supor que você ganhasse R$ 800 em 1994, ano em que a inflação baixou em níveis que permitiram fazer contas sem a necessidade de fatores de correção. Se, a cada ano, você tivesse recebido um miserável aumento de 4%, e nada mais, em 2008 você estaria ganhando R$ 1.385, ou 73% a mais que em 1994. Porém, uma função que valia R$ 800 em 1994 vale no máximo R$ 1.000 atualmente, porque os salários de contratação se mantiveram relativamente estáveis. Em outras palavras, se você procurasse um emprego igual ao que tem, não conseguiria encontrar um que lhe pagasse o que você ganha. Sua empresa sabe disso, por isso fez a proposta. Concordo que as empresas deveriam ser mais camaradas com os funcionários antigos, mas a situação do Téo deve servir como alerta a quem está há mais de dez anos na mesma função.

Estou na lista da Serasa, e não consigo emprego... – Pámela

Já abordei esse tema anteriormente, mas há uma grande novidade. No mês passado, o Tribunal Superior do Trabalho decidiu que uma empresa não pode usar dados da Serasa – e, por extensão, do SPC – para rejeitar candidatos a emprego. A ação foi pública, ajuizada pela regional do Ministério do Trabalho do Paraná, e a empresa acionada se defendeu dizendo que é seu direito constitucional consultar informações que sejam de seu interesse particular. Como última instância (a empresa já havia perdido nas anteriores), o TST não aceitou o argumento e condenou a empresa a pagar R$ 200 mil em danos morais coletivos, além de proibi-la de usar a Serasa como fonte de informações que não sejam aquelas para as quais a Serasa foi constituída – a avaliação de crédito. A sentença do TST cria uma jurisprudência que passa a valer para todas as empresas.

Tenho 24 anos. Estou me dedicando apenas aos estudos porque quero me preparar bem para o mercado de trabalho... – Jeferson

Ótimo. Mas há outra maneira paralela de você se preparar bem: trabalhando. Você diz em sua carta que já tem uma faculdade, está terminando um MBA e agora pretende passar um tempo no exterior para aprimorar o inglês. Lamento dizer que você terá uma má surpresa ao regressar, porque seus concorrentes a uma vaga levarão a vantagem de ter quatro ou cinco anos de experiência prática, algo que as empresas apreciam tanto quanto os diplomas.

Tenho 34 anos. Casei aos 21 e sempre apoiei meu marido, mudando três vezes de cidade e cuidando do lar, para que ele pudesse se dedicar inteiramente à carreira. Deu quase certo. Ele se tornou diretor e agora decidiu me trocar por uma estagiária de 22 anos. Não tenho faculdade e nunca trabalhei. O que você me sugere? – L.S.A.

Contrate o melhor advogado que você puder, para não ser prejudicada no processo de divórcio como você foi durante o casamento. E comece a estudar, porque você ainda tem décadas de vida útil e ativa pela frente. Espero que muitas mulheres de executivos estejam lendo esta coluna e abram os olhos. A mulher dedicada que se sujeita a ficar na sombra para que o marido possa brilhar é uma relíquia do século XX.

Max Gehringer, na revista Época.

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