A palavra religião tem dois sentidos. O primeiro, diz respeito ao seu sentido organizado, que envolve templos, crenças, movimentos religiosos, símbolos ou idéias sobre Deus, atividades sacramentais e rituais. Se você consultar o dicionário, vai encontrar definições que se aproximam destas características.
Mas ainda há um outro sentido de religião, que significa qualquer coisa que uma pessoa leve a sério na vida. Alguma coisa pela qual você seria capaz de viver e morrer. O meu dicionário chega mais perto disso com uma definição para o vocábulo religião: “Modo de pensar ou de agir; princípios” (Aurélio). Mas esse tipo de sentido nada tem a ver com a linguagem “religiosa”. É tudo aquilo que arrebata alguém para além da sua condição humana.
Se lá em cima, estão todas as religiões organizadas e as espiritualidades, aqui embaixo estão, por exemplo, as artes em geral (pintura, música, literatura, et cetera). É claro que, na prática, o segundo sentido da palavra religião pode ser apropriado politicamente pelo primeiro, seja por uma pessoa, seja por um grupo. Mas o segundo sentido é sempre livre. Ele acontece, com ou sem as instituições, porque as artes são autônomas, enquanto as religiões tendem a ser heterônomas.
Religião tem esses dois sentidos. A nossa vida é uma ponte entre um sentido e outro, entre heteronomia e autonomia, entre religião organizada e outros sistemas de sentido, como as artes.
Felipe Fanuel
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28.9.08
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