20.10.08

Max responde (34)

Com a crise econômica, vale a pena trocar uma multinacional, que não tem pudores para fazer cortes, por uma empresa de porte menor, que costuma mostrar mais consideração para com seus colaboradores? – K.M.

Não. Esta não é uma crise localizada. É um fenômeno global, e um de seus reflexos será o enxugamento do crédito. Empresas que necessitem de recursos externos para se expandir serão forçadas a desacelerar. E empresas que vendem bens ou serviços de alto valor unitário deverão sofrer redução de demanda. Numa situação recessiva, o tamanho da empresa não influi. Aquelas que tiverem dinheiro em caixa resistirão melhor, mas isso não significa que todos os seus funcionários serão preservados. A situação ainda não está clara, e as opiniões sobre a duração e os efeitos da crise têm variado bastante. Mas trocar de emprego numa hora destas é arriscado. Porque, quando uma empresa decide fazer cortes, a ordem natural de escolha é: (1) os que faltam muito, chegam atrasados ou vêm consistentemente obtendo maus resultados. Empresas chamam a isso de “faxina”, que é a eliminação dos menos eficientes e menos comprometidos; e (2) os que têm menos tempo de casa, porque o custo da demissão é mais baixo.

Fui admitido há três meses e recebi promessas de reajuste após a efetivação. Fui efetivado, mas, devido à crise, a empresa informou que os reajustes estão congelados. Devo insistir no cumprimento da promessa? – L.N.T.

Exigir não parece uma decisão muito sensata, uma vez que a empresa não tomou uma medida que afeta apenas a você, mas a todos os empregados. Porém, você deve periodicamente lembrar, a quem lhe fez a promessa, que você está disposta a colaborar num momento de necessidade, mas que não esqueceu do prometido. Isso evitará a chamada “amnésia gerencial” quando a crise amainar.

Tranquei minha faculdade no 7º semestre porque não conseguia emprego. Comecei um curso técnico e já estou empregado. Mas, no processo de seleção, omiti que tinha superior incompleto. Devo revelar isso a meu chefe? – Y.D.

Não. Mesmo que você tivesse completado a faculdade, também não seria necessário dizer. Durante o processo seletivo, você forneceu as informações curriculares adequadas à função que estava sendo preenchida. E é isso que você deve explicar a seu chefe caso ele fique sabendo da faculdade trancada.

Quais são as vantagens de criar uma ONG? – J.B.

Você estaria colaborando com causas sociais ou ambientais. Mas só faça isso se você for realmente bom em conseguir patrocínios, porque captar recursos é o calcanhar-de-aquiles das ONGs. Caso esteja pensando em ter um rendimento mensal (ou seja, se seu objetivo for mais pecuniário que humanitário), recomendo que você leia a legislação a respeito de Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público). ONGs não existem como entidades jurídicas. Já Oscips podem remunerar seus dirigentes, sem perder os benefícios fiscais.

Após 16 anos na mesma empresa, tendo apenas o ensino médio, comecei uma faculdade. E descobri que a maioria de meus colegas de classe (alguns bem jovens) ganha mais do que eu. O que posso fazer? – P.H.F.

Você pode participar de processos de seleção, para avaliar se seu salário está de acordo com a função que você desempenha. Se estiver, o que é provável, as propostas que você vai receber não serão tentadoras, e suas melhores chances estarão dentro de sua empresa atual, numa eventual transferência de área. Ter começado um curso superior foi um bom passo, mas, antes de sair afoito em busca do tempo perdido, por gentileza, releia a primeira resposta, ali em cima.

Max Gehringer, na revista Época.

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