29.9.08

Max responde (31)

Acho que minha profissão atual é “candidato a emprego”. É só isso que tenho feito nos últimos oito meses – testes e entrevistas. O que mais me preocupa é que estou entrando numa crise de autoconfiança. Quando começo a conversar com um entrevistador, fico com a impressão de que ele está pensando: “Se nenhuma empresa contratou você, por que a nossa iria contratar?” – J.V.C.

Ou, então, o entrevistador pode estar pensando: “Como as empresas são míopes! Um candidato maravilhoso desses disponível no mercado!”. São raros os recrutadores que perguntam por quantos processos o candidato passou nos últimos meses e quais seriam – ainda na opinião do candidato – os motivos para não ter tido sucesso em nenhum deles. Mas, mesmo que essa pergunta não seja feita, ela fica subentendida. E é crucial. Porque, se o candidato não souber respondê-la para si mesmo, não vai convencer o recrutador de que é a pessoa ideal para a vaga. E a resposta nada tem a ver com azar, ou ansiedade, ou com a situação difícil do mercado. Tem a ver com sua concentração durante a entrevista, para não ficar imaginando caraminholas. Você conhece a empresa? Pesquisou a história dela? Você se preparou com exemplos práticos para demonstrar qual será sua contribuição naquela função? Nenhum entrevistador convoca um candidato para um processo sem ter bons motivos. Por isso, na próxima entrevista, não fique pensando no que o entrevistador possa estar pensando. Pense que você não está ali por acaso. Está ali porque sua experiência e seu currículo já o recomendaram.

Devido à minha ambição, meus colegas me menosprezam... – L.M.D.

Ou você se supervaloriza. Quando um grupo inteiro se indispõe com uma pessoa, a possibilidade de o grupo estar enganado é remota. Ter ambição é bom, mas leia a resposta a seguir.

Estou em meu primeiro emprego e quero um dia chegar a CEO. O que preciso fazer? – M.M.

A resposta daria um livro de 600 páginas, mas vamos simplificar. As habilidades a seguir são cumulativas – isto é, não adianta ter a seguinte se você não tiver a anterior. Se você for tecnicamente competente, será um bom empregado. Se mostrar suficiente liderança, será promovido a supervisor. Com um bom marketing pessoal, chegará a gerente. Se tiver inteligência política, a diretor. Se for o mais eficaz dos diretores, terá chances de chegar a CEO. Em cada uma dessas etapas, você vai deparar com pessoas com condições similares às suas para dar o passo seguinte. E vai se diferenciar delas através de seus resultados mensuráveis de curto prazo. Uma dica que vale para qualquer momento de sua carreira: não perca seu tempo reclamando de situações cujas soluções estão fora de seu alcance.

Que impacto um curso de ensino a distância tem no currículo? – J.G.

Como substituto de um curso superior presencial, o impacto será pequeno. Mas, se o curso for colocado dentro do item “aperfeiçoamento profissional”, ao lado de outros cursos, o impacto será positivo, porque mostrará seu interesse e sua vontade de continuar aprendendo e se atualizando.
Estou em dúvida entre um mestrado e um MBA... – K.L.

Se você tem em mente uma carreira acadêmica, ou como profissional liberal, opte pelo mestrado. Se seu foco for uma carreira em empresas privadas, pelo MBA.

Qual é o tempo máximo e mínimo que se deve permanecer em uma empresa? – C.S.

O máximo é a vida profissional inteira. O mínimo é um dia, se a pessoa entrar e descobrir que a empresa está envolvida em atividades ilegais. Entre esses dois extremos, está o bom senso, que não tem relação direta com o tempo. Como regra geral, não se deve mudar só por mudar nem ficar só por medo de mudar.

Max Gehringer, na revista Época.

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