Indiquei um amigo para uma vaga. Ele foi admitido, mas não deu certo, sendo dispensado após quatro meses. Meu gerente me disse que perdeu a confiança em mim. Acho injusto. Não compete à empresa avaliar se um candidato é bom, antes de contratá-lo? – S.T.
Sim, compete. Mas o que seu gerente tentou lhe dizer é que ele confiou, sobretudo, em sua recomendação. Então, das duas, uma. Ou você tinha dúvidas se seu amigo seria um bom funcionário, e mesmo assim o recomendou, ou não sabia nada sobre a competência dele, e não informou isso à empresa. Como regra, não se recomenda um amigo porque ele é amigo, mas porque ele atenderá às exigências da vaga.
Tenho os seguintes cursos: (...). Entretanto, sou sempre eliminado dos processos de seleção já na primeira fase. – M.N.R.
Sua lista de cursos é, de fato, extensa e variada. Mas seu currículo está desbalanceado, porque você tem 25 anos de idade e nenhuma experiência prática. Seria mais ou menos como você ter passado uma década estudando toda a teoria do atletismo, sem nunca ter calçado um tênis e entrado numa pista de corrida. Essa é a dificuldade que você está encontrando nos processos seletivos. Empresas querem, em princípio, contratar ótimos corredores. Quando identificam uma dúzia deles, selecionam aquele que tiver a melhor carga teórica, e não o contrário. Posso lhe oferecer duas sugestões. A primeira: baixe seu nível de exigência. Consiga um emprego, mesmo que não seja o que você deseja, em termos técnicos e salariais, e aprenda a correr. Em um ano, você estará apto a competir por vagas melhores. A segunda: invista em concursos públicos. Poucos exigem experiência prática.
Tenho 34 anos e cansei do que faço. Desenvolvi até agora uma carreira em administração hospitalar, mas meu sonho sempre foi trabalhar em marketing. Por isso, iniciei um curso... – Y.O.
Para que você não corra o risco de se frustrar, coloque-se do outro lado do balcão. Imagine que você seja a responsável pelo setor de recrutamento de uma empresa e esteja contratando um profissional de marketing. Você optaria por alguém com sua experiência anterior ou por alguém com dez anos de vivência em marketing? Opção dois, certamente. Esse seu desejo de mudar é normal e vem acometendo cada vez mais pessoas na faixa dos 30 aos 45 anos. Sem dúvida, você deve persistir em seu sonho, para não se arrepender de não ter tentado. Mas mudanças como a que você pretende só tendem a dar certo quando a própria empresa oferece a primeira oportunidade.
Sei da importância do networking, mas sou tímida. Participo de seminários, mas não sei como abordar pessoas que não conheço. – C.J.S.
Pior seria se você fosse ansiosa. A ansiedade é a maior responsável pelo anti-networking. Que consiste em conhecer uma pessoa e já ir entregando um currículo. Ao sentir que poderá ficar com o ônus de resolver uma situação que não é dela, a pessoa comenta que o mercado está mesmo difícil, faz de conta que viu alguém do outro lado da sala e foge correndo. A abordagem correta – que agrada a quem é tímido – é começar a conversa não falando de si, mas da outra pessoa. Assim, ela não se sentirá acuada. Perguntar, por exemplo, se ela já passou por uma situação de desemprego e como agiu. Nesses seminários, geralmente, as pessoas gostam de contar boas histórias sobre elas mesmas, e não de ouvir histórias tristes de quem acabaram de conhecer. No dia seguinte, envie um e-mail agradecendo a atenção e a gentileza. Mas não peça nada de imediato. Networking não é aplicação de curto prazo, é um investimento que precisa de tempo para render bem.
Max Gehringer, na revista Época.
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22.9.08
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