As lonas.
As lonas amarelas das barracas.
Rostos
cervejas
grama e lama.
A barba do professor no balcão é uma lua boiando na tarde.
E ela ali, sozinha na mesa.
A silhueta petrolina, paulista, não sei.
E o brinco.
Vem o garçom, churrasquinho e gentilezas pra ela.
Hum...
Estudantes, no auditório, protestam.
Ainda polícia no campus?
Passou a onda, ficou a espuma.
Por favor, me deixem nesta barraca, companheiros!...
A silhueta dela.
Entorno o copo, bom...
Apanho a tampinha de cerveja no chão, jogo na direção dela.
Brinco.
Sujo isopor do menino do picolé
tampinha
brinco
pernas passando
camisa do Che
buzina
tampinha
brinco
pano de um circo, longe
copa do oiti
tampinha
sol no tampo da mesa
brinco
grama mole
tampinha
cheiro de cebola
brinco
brinco
brinco
Que bom!...
Quero um churrasquinho também.
Hoje mais nenhuma palestra, desenredos, ufes!
O escorrego.
A bunda na grama daquela lá.
Já falei — por aí tem lama.
O ramo da lama na bunda.
Mais uma aqui, garçom!
Uma vez mais, brinco, jogo-lhe uma tampinha.
Ela nem se mexe: bebe sua branca vodca.
Vou mijar nos jardins da biblioteca.
Mijo na garganta da flor.
Volto.
Ainda ali, na mesa, rima deste congresso, ela — sozinha.
Ainda ali, o brinco: breve e agudo.
Jogo mais uma tampinha.
Brinco que não faísca.
Às cinco da tarde, quando o sol já cai por trás das marquises e copas das árvores, pára um carro ali rente ao meio-fio. O brinco então balança, sorri e segue para o carro. É só aí que percebo que ele não é único. O outro, que lhe forma o par, o espera ali ao volante.
Rinaldo de Fernandes, no Cronópios.
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