O homenzinho cumpriu a liturgia terrena: escreveu um livro, fez um filho e plantou uma árvore. O livro teve mais uma edição gigante e derrubou outras árvores; o filho nunca passou de um coqueiro que dá coco, embora tivesse surtos exóticos de siriguelas, pitombas, jaboticabas, umbus e oitis; a árvore foi à escola e quase morreu de homenagens no dia árvore.
O raro volume do livro que foi parar no sebo matou uma velhinha de espirro; o filho em vez de estar roubando e matando por ai inventou de ser juiz de direito; a árvore virou lenha da pizza margheritta que tanto une os bons amigos nos paulistanos domingos.
O livro era de auto-ajuda e fez sorrir a exímia secretária bilíngue; o filho era imbecil, mas funcionava como um poodle para alegrar as visitas; a árvore, no seu corte mais imprestável, virou um porrete, arma quente nas mãos de um justiceiro de subúrbio.
O livro definitivamente não era o apanhador no campo de centeio e viveu uma vida de desgostos; o filho era o primeiro júnior que sai do ventre de uma bela putana; a árvore gostava da bundinha que encostava no seu caule no sarro do casal domingueiro no parque.
O livro foi retirado às pressas das livrarias por suspeita de plágio descarado; o filho também só dizia frases feitas e adágios populares; a árvore se achava a própria macieira que deu a maçã que despencou no coco do sr. Isaac Newton.
Xico Sá
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