Quando é que nós recebemos um conforto e um consolo real? Quando alguém nos ensina como pensar ou como agir? Quando recebemos um conselho para onde ir ou o que fazer? Quando ouvimos palavras tranqüilizadoras e de esperança? Algumas vezes, talvez. Porém, o que realmente importa é que em momentos de dor e de sofrimento alguém esteja ao nosso lado.
Mais importante do que qualquer ação particular ou de qualquer palavra de aconselhamento é a simples presença de alguém que se interessa por nós. Quando alguém nos diz, no meio de uma crise que passamos: "Eu não sei o que dizer ou o que fazer, mas quero que compreenda que estou ao teu lado, que não te deixarei sozinho", nós temos um amigo através do qual podemos encontrar consolo e conforto.
Numa época tão repleta de métodos e de técnicas destinados a mudar as pessoas, a influenciar o seu comportamento e a fazer com que elas façam coisas novas e tenham idéias novas, nós perdemos o dom simples, porém difícil de estarmos ao lado dos outros.
Perdemos este dom porque fomos levados a acreditar que a presença precisa ser útil. Nós pensamos: "Por que devo visitar esta pessoa? De qualquer forma, nada posso fazer por ela. Nem sequer lhe ser útil!". Enquanto isso, esquecemos que muitas vezes é na presença humilde, despretensiosa e "inútil", um ao lado do outro, que sentimos consolo e conforto.
O simples fato de estarmos com alguém é difícil, porque isto exige de nós que compartilhemos a vulnerabilidade com esse alguém, que com ele ou com ela entremos na experiência da fraqueza e da impotência, que nos tornemos parte da incerteza e que desistamos do controle e da autodeterminação. No entanto, quando isso acontece, nasce nova força e nova esperança.
Aqueles que nos oferecem conforto e consolo, ao permanecerem ao nosso lado em momentos de doença, de angústia mental ou de trevas espirituais, muitas vezes estão tão ou mais próximos a nós como aqueles com quem temos laços biológicos em comum. Eles mostram a sua solidariedade para conosco ao penetrarem de boa vontade nos espaços escuros e desconhecidos da nossa existência. Por essa razão, eles se tornam aqueles que nos trazem nova esperança e nos ajudam a descobrir novos rumos na vida.
Henri Nouwen
O pragmatismo é uma praga do nosso tempo. Vivemos em um mundo em que tudo tem que funcionar, e o que não funciona deve ser consertado ou descartado e substituído – que não funciona nada vale. Sem perceber trazemos esse pragmatismo para as nossas relações: as pessoas e os relacionamentos são classificados como funcionais e disfuncionais, e aos poucos vamos acreditando que devemos fazer com que as pessoas funcionem. Isso explica porque estamos sempre tentando fazer algo adequado, dizer algo interessante ou dar alguma coisa útil.
Mas a verdade é que as pessoas, as relações humanas e a vida são complexas o suficiente para nos levar ao limite de nossas possibilidades: cedo ou tarde nos deparamos com a absoluta carência, quando não sabemos o que dizer, o que fazer, o que dar. Chegamos então ao momento quando tudo quanto se espera de nós é que estejamos presentes: a presença é o maior presente, pois quando dois ou três estão reunidos em nome de Jesus, Deus está conosco. Na presença de Deus estamos livres não apenas da obrigação de “fazer a coisa funcionar”, como também livres para a surpreendente provisão da graça.
Ed René Kivitz, no site da Ibab.
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29.11.08
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