30.3.09

Patacoadas no webmarketing

“Uma das grandes desvantagens de termos pressa é o tempo que isso nos faz perder.”
Gilbert Keith Chesterton

Antes de fazer qualquer coisa na vida pense duas vezes e dê uma conferida. Assim era o mundo no tempo dos pombos correios, do telégrafo, do telex, do fax, das cartas e tudo mais. Antes de mandar, uma última olhada. Hoje, no mundo dos toques, e-mails, redes sociais, sends e tudo o mais, é preciso mais que muita calma nessa hora de disparar o gatilho. Mesmo porque, uma vez o gatilho disparado, o estrago está feito. Não tem volta. Por mais desculpas que se peça.

Todos os dias, dentre as duas ou três centenas de e-mails que recebo e confiro todos, uma boa parte vai para o lixo porque pura e simplesmente são indecifráveis. Outros, desisto, pois a quantidade de erros é de tal ordem que, por mais paciência e boa vontade que se tenha, muitas pessoas ultrapassam o limite. Vão escrevendo o que lhes vêm à cabeça, sem correção, sem uma segunda lida, sem pontuação, sem educação e... send! E aí é de lascar.

Esse tipo de comportamento açodado, descuidado, sob muitos aspectos irresponsável, não é exclusivo dos internautas. Muitas empresas, não acostumadas a utilizar todas as possibilidades que a internet oferece, volta e meia cometem verdadeiras patacoadas, como aconteceu recentemente com as Forças Armadas dos EUA.

Esse fato aconteceu há exatos dois anos e até hoje é considerado uma das maiores patacoadas protagonizadas por um anunciante nos Estados Unidos, pela utilização equivocada de publicidade na internet. Esse anunciante é, nada mais nada menos, que “The Army”. Isso mesmo, a marinha, o exército e a força aérea americana. Veicularam suas campanhas de recrutamentos num dos mais importantes portais para a comunidade GLS – glee.com –, num país onde não se recruta – nem se aceita – gays desde que revelem através de formulário e declaração adequada suas preferências sexuais.

A patacoada foi denunciada pelo US Today e rapidamente ganhou as páginas dos principais jornais e revistas e os programas de entrevistas das emissoras de televisão. Michael Baptista, diretor de propaganda da Army National Guard, afirmou desconhecer as características editoriais do portal quando autorizou a veiculação. “Se soubesse”, completou, “jamais autorizaria a veiculação num editorial que não se enquadra nos padrões morais das forças armadas....”. E, a partir daí, a patacoada virou discriminação e a polêmica tomou conta do país.

Através de dezenas de portais, incluindo o Glee – Gay, Lesbian & Everyone Else – as três armas recrutavam diferentes tipos de profissionais: a marinha procurava por médicos, dentistas, analistas, tradutores; a força aérea por psicólogos, físicos e enfermeiras; e o exército candidatos à infantaria e à artilharia. E mesmo ficando pouco tempo no ar, milhares de frequentadores do Glee inscreveram-se.

No mundo real, como no virtual, desde simples e-mails até campanhas publicitárias, todo o cuidado sempre é pouco.

Francisco A. Madia, no Propaganda & Marketing.

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